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Imagem extraída de: projetosespeciais.com |
Palco é lugar de artista. E o lugar do artista é o palco. E isso não exclui o artista cristão.
Infelizmente, muito se usa a palavra "palco" num sentido pejorativo, negativo, quando se trata de música cristã e, principalmente, de música na igreja local. É por isso que há tanto esforço por aí direcionado a mudar o nome de um local físico, o palco, para o nome de outro local físico, do qual não mais fazemos uso, o altar. Sobre a nomenclatura em si, já escrevi em outro post (PALCO OU ALTAR?) e recomendo a leitura.
Partindo do pressuposto que chamamos o local onde tocamos, mesmo nas igrejas, de palco, é preciso entender de forma contundente e perene o seu significado.
É claro que igreja "não é lugar de show", como se diz. Mas... vez ou outra, há apresentações musicais durante o culto, não é mesmo? E, mesmo nos chamados "momentos de louvor", o grupo musical local está lá, neste local, tocando e há, sim, inevitavelmente, um pouco de apresentação (há solos, introduções, etc.). Não fosse isso, não haveria a necessidade de sequer arranjarmos e produzirmos bem as canções. Sim, "fazemos tudo isso para o Senhor", é verdade. Mas também fazemos "para as pessoas", e não há algo errado nisso, "já que devemos buscar a edificação uns dos outros" (cf. 1 Coríntios 12-14).
Assim como qualquer artista, o artista cristão precisa mostrar sua arte. E, diferentemente do artista não cristão ele a produz para a glória de Deus (Bach, por exemplo, colocava tal dedicatória em suas obras). Na verdade, na vida do cristão, tudo... absolutamente tudo deve ser para a glória de Deus (cf. 1 Coríntios 10.31). Por isso também não há razão para se secularizar o palco e transformar em sacro o espaço físico (de mesmo nome) dentro de um local de culto. Na verdade, o artista cristão deve fazer do palco seu lugar de santidade tanto quanto advogados devem fazer o mesmo nos tribunais, médicos nos hospitais, professores em salas de aula, etc.
Seja você um músico de carreira (alguém que é pago para tocar ou cantar, alguém que vive de música) ou não, sua arte precisa, assim como todos os aspectos de sua vida, ser apresentada no santo palco da glória de Deus. E isso é, ao mesmo tempo, um grande privilégio, uma grande responsabilidade e um grande desafio.
Tão bom seria se víssemos cada vez mais artistas cristãos nos palcos por aí. Seria tão bom ver homens e mulheres que podem estar, ao buscar seu pão de cada dia, espalhando o bom perfume de Cristo, ao serem profissionais exemplares, pontuais, responsáveis, compromissados. Gente que, mesmo num solo de improviso em meio a uma obra instrumental, estão ali entregando cada nota, cada acorde, cada respirar ao Músico dos Músicos, o Artista dos artistas! Vale lembrar o que sempre pontuo por aqui: artista não é o mesmo que celebridade. Artista é quem faz arte e músicos fazem arte. Ponto.
E o que dizer dos que só o fazem na igreja? Bom... eles também estarão no palco. E, mesmo que não recebam dinheiro para isso, possuem o mesmo privilégio, responsabilidade e desafio. Privilégio por termos recebido a honra de representar o Dono da vida em Seu palco; responsabilidade por termos, diante de nós, o dever de representá-Lo dignamente; desafio por nunca podermos nos esquecer de pensar bem sobre cada letra do que cantamos, cada gesto que fazemos, cada lugar em que pisamos e como nos relacionamos com as pessoas ali.
Parece, contudo, que muitos destes, que atuam na igreja, gostam ainda mais de transformar o "altar" de suas igrejas locais em palcos de suas próprias vidas e para sua própria glória. E, assim, temos aqueles que, em palcos "profanos" fazem tudo para a glória de Deus, enquanto que outros, em "altares" sacros, fazem tudo para si próprios!
Ah! O palco... o palco... lugar onde tudo se revela, tudo se evidencia. E, mesmo que não se desvele tudo àqueles que veem apenas a aparência, nada está oculto Àquele que vê o coração (cf. 1 Samuel 16.7). E é por isso que nós todos não podemos fugir dos palcos por mais que o desejemos. Podemos até mudar seu nome, mas... estejamos ou não numa plataforma elevada, estaremos sempre no palco da vida, diante dos olhos de Quem tudo vê e tudo sabe!
Não fujamos, então. Pelo contrário. Subamos nos palcos e, como em qualquer outra atividade, o façamos para a glória do Dono de todos os palcos. Embora, com temor e tremor, pois Ele é Santo, acheguemo-nos confiadamente diante d'Ele, pelo novo e vivo caminho, com um coração sincero e plena convicção de fé (cf. Hebreus 4.16 e 10.19-22).
Façamos dos palcos da vida o nosso palco da vida, no qual mostramos ao mundo nossa arte, que, assim como tudo o que fazemos, exclama em retumbante som que tudo é e deve ser para a glória do Cristo exaltado! Vamos produzir mais e mais canções, mais e mais poemas (cantados ou não), muito mais arte, para que, por meio dela, o SENHOR seja engrandecido! E vamos entender, de uma vez por todas, que a adoração não deve ser apenas dominical, litúrgica, ritual (tudo isso também, mas não apenas); toquemos nosso jazz, nossa bossa nova, nossa música de orquestra ou banda sinfônica, ou o que for, com o coração sinceramente grato ao Dono de tudo, que nos presenteou com o privilégio da arte, e entregando TUDO a Ele.
Em Cristo,
M. Vinicius
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