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O QUE NÃO PODE FALTAR EM NOSSOS CULTOS? (PARTE 1)



Imagem extraída da página: teologiabrasileira.com.br


Há diferentes modelos de culto na cristandade atual e conseguimos encontrar igreja pra todos os gostos, como se diz. Contudo, muito mais importante do que o modelo litúrgico que será utilizado é o conteúdo no qual se baseará. Mesmo possuindo minhas preferências humanas quanto a músicas, organizações, estilos e tudo mais, considero muito mais importante a base do culto realizado por uma igreja. Já estive em várias e diferentes igrejas e já fui bastante edificado em algumas que não se utilizavam de modelos com os quais simpatizo, enquanto que em outras em que eu esperava ver algo bom, pra glória de Deus, apesar de se valerem de modelos que eu até gostava, falhavam (e muito) no conteúdo e, portanto, perdiam seu valor bíblico, adorador e edificador.

Acredito que há alguns aspectos indispensáveis a um bom culto. E entendam que dizendo "bom culto" não me refiro a um culto do jeito que eu gosto; isso já meio que se esclareceu há pouco. Hehe Considero um bom culto aquele que, independente de estilos, procura se aproximar ao máximo daquilo que entendo ser exigido pela Palavra de Deus. E, então, o que é que NÃO pode faltar num culto em hipótese alguma? Para não fazer um post muito mais longo que o de costume (já costumo escrever um bocado, né? rsrsrsrs), dividirei este assunto em dois posts. Vamos àquilo que incluí na Parte 1.


1. LEITURA E EXPOSIÇÃO DAS ESCRITURAS

Em 1 Timóteo 4.13, o apóstolo Paulo diz ao seu discípulo, Timóteo, que se dedicasse à leitura, à exortação e ao ensino. Ainda falando ao jovem pastor, Paulo também lhe diz para pregar a Palavra "a tempo e fora de tempo". Na segunda carta que lhe escreve, no capítulo 3 e versículo 16, Paulo diz que "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça". 

Eu poderia ainda citar muitos outros textos que falam da importância da Palavra de Deus, mas recomendo "apenas" que seja lido o Salmo 119. hehe Não consigo meeesmo compreender ajuntamento dos santos, momento de culto público, de adoração coletiva, sem a presença da Palavra de Deus. Na própria Bíblia não vejo autorização para fazermos isto. É pela Palavra de Deus que fomos transformados (Tito 3.4-5) e é por ela que somos aperfeiçoados (2 Timóteo 3.16), santificados (João 17.17); é por Ela que fomos libertos (João 8.31-32) e é Ela que nos mostra o caminho a seguir (Salmo 119.105). Então, por mais que se trate de um culto que não é o que muitas igrejas chamam de "Culto de Doutrina" ou de uma Escola Bíblica, não vejo base no Novo Testamento para que nós, igreja do Senhor, estejamos reunidos sem, de algum modo, a Palavra de Deus se fazer (fielmente) presente. E não estou aqui entrando no mérito de quanto tempo deve ser gasto e de quantos minutos a pregação (ou mesmo uma breve reflexão ou devocional) deve ter, mas a Palavra precisa se fazer presente "a tempo e fora de tempo", conforme vimos há pouco.


2. CRISTOCENTRISMO

Como está escrito: "Ele é antes de todas as coisas e n'Ele tudo subsiste" (Colossenses 1.17) e "sem Ele, nada do que foi feito se fez" (João 1.3). Ele é o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim (Apocalipse 1.8; 22.13). Cristo é o Centro de tudo e a expressão exata do Pai (Hebreus 1.1-4) e Aquele que é Digno de receber "poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!" (Apocalipse 5.12), que venceu a morte (1 Coríntios 15.57) e que, "tendo despojado principados e potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando sobre eles na cruz" (Colossenses 2.15), possuindo o "nome que está acima de todo nome" (Filipenses 2.9).

Quando falo em "Cristocentrismo", quero dizer que tudo o que fazemos em nosso culto precisa estar centrado n'Ele. Isso não significa que tenhamos que ficar repetindo o nome "Jesus" como um mantra por longos e longos minutos. Antes, significa que cada ação de adoração nossa deve convergir n'Ele e fazer com que Seu nome seja glorificado e evidenciado (e não o nosso ou de quem quer que seja!). Às vezes, até penso que também precisamos, sim, pronunciar um pouco mais o nome de Jesus, não como um mantra ou uma prática mística, mas para deixar claro o nome do Deus que adoramos: Jesus Cristo. E isto, em nossas músicas (há canções que serviriam muito bem como músicas românticas, desde que apenas se trocasse a pessoa a quem são cantadas!), em nossas pregações, orações, etc. Um teste que recomendo ser feito é: se aquilo que você canta ou fala poderia ser tranquilamente dito e bem recebido numa sinagoga judaica ou numa mesquita islâmica, você pode estar fazendo qualquer coisa, mas não está devidamente adorando a Jesus Cristo.

Somos CRISTÃOS e o que (muito) nos diferencia dos demais é o fato de entendermos ser Jesus Cristo, o Deus Eterno (O Verbo Eterno) que Se fez carne, habitou entre nós, morreu em nosso lugar para nos purificar e ressuscitou para nos justificar. Além disso, muitas vezes, o foco de nossas canções está nas necessidades do homem, na vitória que esperamos ou em qualquer outra coisa, menos n'Ele. Que Ele, então, seja o centro de nossos cultos!!


3. PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO

Todo mundo já sabe (sabe mesmo, né? rs) que devemos pregar o Evangelho (Mateus 28.18-20; Marcos 16.15), certo? Assim, mesmo que a filosofia de culto dominical de sua igreja não seja evangelística (como acontece na Willow Creek Church, por exemplo), o Evangelho, ou seja, a história da redenção precisa ser proclamada de alguma maneira. 

Talvez, na sua igreja, de vez em quando, seja feito o chamado "Culto do Amigo", ou outras programações especificamente voltadas para aqueles que ainda não creram em Cristo. Ok. Sem problema. Eu, de fato, não acredito que o foco principal de um culto semanal dominical deva ser prioritariamente o evangelismo; prefiro entender os cultos de domingo como um ajuntamento dos fiéis e da família de Deus, os quais precisam ser devidamente alimentados por Sua Palavra. Mas isto não quer dizer que um convidado deva se sentir mal recebido e deslocado em nosso meio. 

Paulo trata um pouco do fato de que devemos ter cuidado com o que fazemos em nossos ajuntamentos, pensando também nos incrédulos que podem se fazer presente em nosso meio (1 Coríntios 14.23-24). Eu gosto de pensar como se fosse na minha casa. É claro que na dinâmica rotineira e diária do lar, eu tenho meu tempo com minha esposa (e, futuramente, com nossos filhos hehe) e é um tempo nosso e temos nossas conversas, oramos juntos, estudamos a Palavra juntos, fazemos nossas refeições, assistimos a algo, vivemos nossa vida normalmente. Mas, se estivermos recebendo visita em casa, a dinâmica funcional do lar inevitavelmente mudará um pouco, né? Isto é inevitável. E, neste momento, então, precisaremos dar mais atenção às visitas do que até mesmo a nós. Mas o foco de nossas ações diárias jamais deve ser sempre "os de fora". Para que nosso lar se mantenha bem, precisamos cuidar primeiramente dele. 

Assim, seja em cultos específicos (nos quais sabemos com certeza que as visitas virão à "nossa casa", ou em nossos cultos rotineiros (num dia normal de semana em que somos surpreendidos com a necessidade de receber alguém que geralmente não nos visitaria neste horário, recebendo-os, é claro, com toda a alegria), a prioridade maior e diária de nosso lar é cuidar um do outro, e não de visitas que possivelmente venham aparecer (convidadas por nós ou não).

De todo modo, penso que deva haver, sim, esta proclamação da história da salvação, até porque quem garante que todos os que até são de nosso "livro de membros" já tiveram um real encontro com Jesus? Eu mesmo vivi por quase 16 anos "dentro" de uma igreja, sem ainda conhecer ao Senhor. Além disso, também nos edifica (e muito) lembrar de tudo aquilo que o nosso Senhor fez por nós, já salvos, não é? A ceia, por exemplo, é um bom momento para isto (falarei dela posteriormente). Então, proclamemos (de um jeito ou de outro) o Evangelho da Graça.


4. CANÇÕES BIBLICAMENTE (E CORRETAMENTE) FUNDAMENTADAS

Bom, não é preciso falar muito sobre isto, tendo em vista a obviedade da temática, não é? Ah!! Seria tão bom se não fosse mesmo! Infelizmente, porém, muitas igrejas têm se esquecido de que a Bíblia (e tão somente Ela) deve ser nossa regra de fé e de prática. E, assim, vemos tanto absurdo sendo cantado por aí. Mas... vamos por partes.

Em primeiro lugar, se falo em canções biblicamente fundamentadas, estou deixando claro que acredito que a presença de canções seja indispensável ao ajuntamento dos santos, né? E, de fato, penso assim mesmo. E não é porque sou músico, mas porque vejo a música ao longo de tooooooda a Bíblia!!! Não dá pra citar todos os textos, mas tenho certeza de que a maioria dos cristãos já leu, por exemplo, o Salmo 150, né? E não apenas ele, mas todos os outros salmos, lembrando que o Livro de Salmos é um hinário israelita e, portanto, composto por canções. Vejam só: um livro inteiro da Bíblia "só" com música (é claro que não é música por si só)!!! Mas, antes que alguém já venha logo dizer que isto era Velho Testamento (e usam a palavra "velho" mesmo e em todo o seu sentido pejorativo!), o que dizer das seguintes palavras, encontradas no Novo Testamento? Vejamos:


Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito, falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo (Efésios 5.18-20)

Acho que está bastante claro pra todos que a música era (e deve ser) parte das reuniões cristãs, não é mesmo? Deus é tão maravilhoso que, além de ter criado (sim, foi Ele que a criou) algo tão maravilhoso como a música, ainda nos deu o privilégio de recebermos de Sua própria Palavra a ordem de fazermos música para Sua glória! Uhuuuuuu!!! Se você, talvez, ainda não entendia (por completo ou parcialmente) a razão de ser deste blog, acho que, agora, entendeu, né? rsrsrs Não é simplesmente porque as pessoas gostam de música e ponto, e sim porque o próprio Deus nos deu este privilégio de adorá-Lo com nossas canções (quer em formato de orações direcionadas a Ele, quer em formato de palavras de consolo e conforto a nossos irmãos). E, assim, este vosso servo, sentiu o desejo de compartilhar aquilo que Deus lhe tem permitido viver ao longo dos anos, tentando contribuir (por menor que seja a contribuição) para que outros possam se sentir estimulados a adorá-Lo com música cada dia mais e melhor!! Para isto, vamos prestar um pouco mais de atenção naquilo que cantamos, né? Caso não tenha lido ainda, recomendo o post HÁ MUITO MAIS PRA SER CANTADO .

Por fim, encerrando esta primeira parte do que não pode faltar em nossos cultos:


5. PARTICIPAÇÃO ATIVA DA CONGREGAÇÃO

Uma das maiores contribuições que a Reforma Protestante trouxe às nossas reuniões de culto foi o retorno da participação dos "leigos" (aqueles que não tinham formação teológica e tampouco eram padres, bispos, etc.). Não dá pra achar que os cultos devem ser momentos em que a congregação é formada por meros espectadores, como se estivessem num concerto de música ou numa solenidade qualquer e que exige de todos silêncio sepulcral. Não, não estou defendendo a bagunça no meio do culto. Calma! rsrsrs Mas é impossível pensar numa congregação de meros espectadores quando se olha para a Palavra.

O Salmo 33, no versículo 1, diz: 
"Cantem de alegria ao Senhor, vocês que são justos; aos que são retos fica bem louvá-lo".  

E, em Colossenses 3.16, encontramos:

"Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração". 
Não consigo ver isto de forma passiva. Será que é possível alguém cantar de forma passiva, em silêncio? Além disso, percebemos na primeira epístola de Paulo aos cristãos de Corinto, enormes evidências de participação da congregação nas reuniões da igreja (cf. 1 Coríntios 12.4-30), desde que tudo seja feito com "decência e ordem" (1 Coríntios 14.40).

Logo, testemunhos são bem-vindos, momentos de intercessão coletiva, momentos de conversa em duplas, trios, leituras bíblicas realizadas não apenas pelos pastores (acho legal, às vezes, convidar um irmão para ler a Palavra, desde que isto seja feito com a devida organização e sem pegar ninguém de surpresa, fazendo do momento de leitura da Palavra algo super constrangedor e mal feito), dentre outras ações que movimentam (no bom sentido) o povo de Deus reunido. Não é apenas cantando as músicas que a congregação pode (e deve) participar dos cultos. Tenho tido o privilégio de ver isto de forma muito especial aqui na PIBA e como tem sido edificante e o quanto tenho aprendido com isto!!


CONCLUSÃO

Esta é a primeira parte daquilo que penso ser indispensável em nossos cultos ao Senhor. Há mais cinco outras características que, ao meu ver, devem fazer parte de um culto biblicamente fundamentado. Mas vou ficando por aqui e vamos deixá-las pra Parte 2 dessa temática, né? Eu sei que já escrevi demais. hehe

Abraços a todos e até breve!




Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)



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