"Responde-me quando clamo, ó Deus que me fazes justiça! Dá-me alívio da minha angústia; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração." (Salmo 4.1)
"Se a tua lei não fosse o meu prazer, o sofrimento já me teria destruído." (Salmo 119.92)
Todos nós já enfrentamos, estamos enfrentando ou iremos enfrentar dores e sofrimentos nesta vida. E o que isto tem a ver com adoração? Ora, assim como qualquer outra coisa na vida do cristão, o sofrimento deve também ser vivido para a glória de Deus. E ele também pode e deve ser cantado.
Infelizmente, temos sido tomados por uma onda infeliz de músicas triunfalistas e até deterministas, seja por meio de opiosas declarações (como se tudo sempre desse certo pra quem serve ao Senhor), seja por confissões positivas de que portas serão sempre abertas e/ou mares serão atravessados. Mas a Escritura nos mostra algo bastante diferente.
O Senhor nos deu, em Sua Palavra, algo valiosíssimo para os momentos de dor: os lamentos. Quer simplesmente falados/orados ou cantados (as canções nada mais são que orações cantadas, não?) os lamentos nos ajudam a expressar de maneira fiel e humilde, porém sincera, toda a dor que sentimos e a colocá-la diante do Senhor.
Os lamentos devem ser individuais, e também coletivos.
Já falei por aqui sobre as diferentes temáticas que deveríamos cantar em nossas igrejas (ver post HÁ MUITO MAIS PARA SER CANTADO), mas preciso também enfatizar, agora, o quanto tenho visto homens e mulheres de Deus sofrendo tanto, e sem encontrar espaço e/ou sequer a simples possibilidade de colocar seus lamentos diante do Senhor não sendo precipitadamente julgados ou taxados de pecadores desagradáveis em suas igrejas. Eu mesmo já enfrentei situações nas quais meu coração desejava apenas chorar e chorar diante do Senhor, mas, quando entrava em alguns locais eclesiásticos não via ali espaço propício pra isto e tampouco percebia como algo permitido a mim a possibilidade de até mesmo compartilhar com outros meus próprios lamentos. Sempre vale citar a Escritura, que diz: "chorai com os que choram" (Romanos 12.15).
Eu bem sei (e acredito) que há certos aspectos da adoração que são mais individuais, enquanto que outros são coletivos; o Senhor quer que O adoremos sozinhos, em nossos quartos, mas também na grande assembleia dos santos (cf. Mt 6.6; Salmo 5.1-2; Colossenses 3.16; dentre outros). E em ambas é possível e prescrito pela Escritura a prática de lamentos. Basta olhar nosso Melhor (e o único Perfeito!) Hinário: o Livro de Salmos. Ele nos traz grande número de lamentos. São chamados por alguns teólogos de "Lamentos do Indivíduo" (Salmo 3; 4-7; 10; 12; 13; 17; 22; 25-28; 31; 35; 38; 39; 42; 43; 51; 52; 54-59; 61; 63; 64; 69; 71; 77; 86; 88; 102; 108; 109; 120; 130; 140-143) e "Lamentos da Nação" (Salmo 44; 60; 74; 79; 80; 83; 85; 137). Além dos Salmos, ainda vemos vários outros momentos em que servos do Senhor se valeram desta linguagem poética hebraica. O Livro de Lamentações é um exemplo disso. Além dele, há outras passagens como: Habacuque 1.1-4; Jó 3.1-26; e muitas mais). Isso tudo nos traz (serei bem simplista aqui) uma grande lição: não é pecado se lamentar diante do Senhor. Por mais esquisito e, às vezes, até um tanto desrespeitoso que nos pareça (aqui no ocidente), o Senhor deseja que coloquemos diante d'Ele nosso pranto e Se agrada disso (cf. Joel 2.12; Jó 42.7; Isaías 57.15). Só não podemos, evidentemente, confundir lamento e queixa (usando a linguagem bíblica presente em Habacuque) com murmuração. Disso o Senhor não se agrada, mas "um coração compungido e contrito" com certeza jamais desprezará (cf. Salmo 51.17).
Será, então, que não temos precisado de mais canções que retratem situações assim e que expressem também profunda tristeza diante do Senhor? Claro que sempre lembrando do equilíbrio entre aquilo que é cantado (e acabo recomendando de novo a postagem já citada). Por que não, então, cantar os Salmos? (E outro post pode ser mencionado aqui: CANTAI-LHE SALMOS!) . Infelizmente, parece-me que, quando os Salmos são cantados de algum modo, apenas aqueles de triunfo ou trechos mais "agradáveis" são comumente escolhidos.
Os lamentos possuem um fim (e um fim).
Ao meu ver, Deus não nos quer lamentando apenas por lamentar. A Escritura nos mostra o Senhor se agradando dos servos que se humilham diante d'Ele. Quando lamentamos e colocamos nosso sofrimento diante do Senhor, estamos dizendo: "Senhor, nada posso; preciso de Ti; ajuda-me!" Logo, os lamentos possuem o fim (a finalidade) de servir como nossa declaração de dependência do Senhor. Somos fracos e impotentes diante dos sofrimentos desta vida, mas o Senhor é o nosso Auxílio (cf. Salmo 18.1-2; 27.1).
Além disso, creio que eles não devem durar a vida inteira e tampouco nossas orações devam ser apenas de lamento; eles precisam acabar em algum momento e chegar ao fim (ao seu momento de encerramento). E, novamente, quando olhamos para o Livro de Salmos, vemos isto também. É nítido perceber como o Livro começa com lamentos e caminha pouco a pouco para o final com cânticos jubilosos de alegria diante do Senhor (cp. Salmo 3-7 & Salmo 146-150).
É bem verdade que, neste mundo caído após o pecado do Éden, muitos sofrimentos nos afligem. E é preciso também diferenciar suas causas. O fato de as imperfeições deste mundo terem sido originadas pela queda do homem no jardim não significa que todas as tribulações enfrentadas pelos servos do Senhor foram ocasionadas por causa de seus próprios pecados. Não mesmo. É fato, sim, que os pecados podem também trazer sofrimentos e dificuldades como consequências (cf. Salmo 32.3-4; 1 Coríntios 11.28-30; Hebreus 12.4-11), mas nem sempre é assim. Os Livros de Jó e Habacuque, bem como vários Salmos, mostram que, neste mundo caído, aqueles que praticam o bem sofrem enquanto, infelizmente, os ímpios prosperam (cf. Salmo 4.7; 10.1-6). De todo modo, porém, "o justo viverá pela fé" (Habacuque 2.4). E todos nós, crentes em Jesus Cristo, podemos declarar que "a alegria do Senhor é a nossa força" (cf. Neemias 8.10; Filipenses 4.4-13).
Deus quer nos levar do pranto à festa!
Entendo que o Senhor não nos quer contristados para sempre. Ele quer nos ver felizes, pois nos ama e quer o nosso bem. Mas não é pecado se lamentar diante d'Ele. Na verdade, eu diria que isto é parte do processo de cura!!! O sofrimento é parte da caminhada cristã (cf. Filipenses 1.29; 1 Pedro 1.6-7). Contudo, se não colocarmos diante d'Ele nossos sofrimentos, angústias e lamentos, jamais seremos curados! E, assim, buscaremos as mais diversas soluções em psicanalistas, conselheiros, métodos de auto-ajuda, dentre várias outras ferramentas ineficazes e incapazes de realizar a cura que apenas o Senhor, por meio de Sua Palavra, pode nos dar (cf. Salmo 119.49-54, 81, 92, 143). Por isso, como Ela própria nos demonstra, os lamentos são parte do processo de cura da alma. E o Senhor quer mesmo nos renovar a alegria da alma e enxugar de nossos olhos toda lágrima, processo este que se repetirá por muitas vezes até o momento em que nossa festa não terá mais fim (cf. Romanos 8.18 & Apocalipse 21.4).
Já passei, confesso, por muitas situações de sofrimento, por mais forte que a palavra soe. E não posso deixar de falar que a Palavra e a lembrança do amor do Senhor por mim sempre foram meu auxílio nestes momentos. E, como tenho feito com tudo o que vivo nos últimos anos, minhas experiências acabam se transformando em orações cantadas e, por isso tantas composições surgiram assim (e muitas pessoas que cantam algumas delas nem fazem ideia de como surgiram hehe). Mas uma delas, em especial, veio de um momento de profunda angústia, neste caso, ocasionada por meu próprio pecado. Eu havia desobedecido ao Senhor e isso estava me consumindo. Eu me sentia realmente (sem retóricas aqui!) a pior pessoa do mundo. Cheguei mesmo ao ponto de achar que não dava mais pra ser perdoado, porque, na verdade, eu mesmo via minha ofensa como imperdoável. E foi aí que o Espírito me lembrou de Seu amor por mim. Coloquei, então, meu choro diante do Senhor e experimentei a cura e o perdão d'Ele. E foi, assim, lembrando deste amor que pude experimentar o renovar de minhas forças e o retorno de minha alegria.
Experimente a cura.
Talvez, você já tenha vivido algo assim, ou tem vivido algo assim ou ainda viverá algo assim (conforme falei no início do post). O que posso te dizer é que, seja qual for a razão de seu sofrimento, vale a pena colocá-lo diante do Pai, sabendo que isto é parte do processo que te trará de volta a alegria verdadeira, que independe de circunstâncias. E vale a pena também lembrar de Seu amor por nós. Naquele momento, isto me reergueu e me trouxe de volta o consolo e a gratidão. Mesmo que você não experimente o sofrimento por causa de um pecado, lembre-se do amor e do cuidado do Senhor por você e do presente maior que Ele já te deu. Apegue-se à Sua Palavra, busque Sua face em oração e leitura da Escritura. E, como consequência disso, entregue a Ele tudo o que você é e possui! Sem dúvida alguma, isso te ajudará bastante a cantar na dor e a experimentar o consolo que vem do Senhor.
Foi assim que surgiu a canção "Tudo Te Dou", gravada com a Banda Alta Frequência, em 2012, com a qual encerro este post. Você pode ouvi-la (e tocá-la, se quiser!) a partir dos links abaixo.
TUDO TE DOU
Cifra de Tudo Te Dou
Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)
Eu bem sei (e acredito) que há certos aspectos da adoração que são mais individuais, enquanto que outros são coletivos; o Senhor quer que O adoremos sozinhos, em nossos quartos, mas também na grande assembleia dos santos (cf. Mt 6.6; Salmo 5.1-2; Colossenses 3.16; dentre outros). E em ambas é possível e prescrito pela Escritura a prática de lamentos. Basta olhar nosso Melhor (e o único Perfeito!) Hinário: o Livro de Salmos. Ele nos traz grande número de lamentos. São chamados por alguns teólogos de "Lamentos do Indivíduo" (Salmo 3; 4-7; 10; 12; 13; 17; 22; 25-28; 31; 35; 38; 39; 42; 43; 51; 52; 54-59; 61; 63; 64; 69; 71; 77; 86; 88; 102; 108; 109; 120; 130; 140-143) e "Lamentos da Nação" (Salmo 44; 60; 74; 79; 80; 83; 85; 137). Além dos Salmos, ainda vemos vários outros momentos em que servos do Senhor se valeram desta linguagem poética hebraica. O Livro de Lamentações é um exemplo disso. Além dele, há outras passagens como: Habacuque 1.1-4; Jó 3.1-26; e muitas mais). Isso tudo nos traz (serei bem simplista aqui) uma grande lição: não é pecado se lamentar diante do Senhor. Por mais esquisito e, às vezes, até um tanto desrespeitoso que nos pareça (aqui no ocidente), o Senhor deseja que coloquemos diante d'Ele nosso pranto e Se agrada disso (cf. Joel 2.12; Jó 42.7; Isaías 57.15). Só não podemos, evidentemente, confundir lamento e queixa (usando a linguagem bíblica presente em Habacuque) com murmuração. Disso o Senhor não se agrada, mas "um coração compungido e contrito" com certeza jamais desprezará (cf. Salmo 51.17).
Será, então, que não temos precisado de mais canções que retratem situações assim e que expressem também profunda tristeza diante do Senhor? Claro que sempre lembrando do equilíbrio entre aquilo que é cantado (e acabo recomendando de novo a postagem já citada). Por que não, então, cantar os Salmos? (E outro post pode ser mencionado aqui: CANTAI-LHE SALMOS!) . Infelizmente, parece-me que, quando os Salmos são cantados de algum modo, apenas aqueles de triunfo ou trechos mais "agradáveis" são comumente escolhidos.
Os lamentos possuem um fim (e um fim).
Ao meu ver, Deus não nos quer lamentando apenas por lamentar. A Escritura nos mostra o Senhor se agradando dos servos que se humilham diante d'Ele. Quando lamentamos e colocamos nosso sofrimento diante do Senhor, estamos dizendo: "Senhor, nada posso; preciso de Ti; ajuda-me!" Logo, os lamentos possuem o fim (a finalidade) de servir como nossa declaração de dependência do Senhor. Somos fracos e impotentes diante dos sofrimentos desta vida, mas o Senhor é o nosso Auxílio (cf. Salmo 18.1-2; 27.1).
Além disso, creio que eles não devem durar a vida inteira e tampouco nossas orações devam ser apenas de lamento; eles precisam acabar em algum momento e chegar ao fim (ao seu momento de encerramento). E, novamente, quando olhamos para o Livro de Salmos, vemos isto também. É nítido perceber como o Livro começa com lamentos e caminha pouco a pouco para o final com cânticos jubilosos de alegria diante do Senhor (cp. Salmo 3-7 & Salmo 146-150).
É bem verdade que, neste mundo caído após o pecado do Éden, muitos sofrimentos nos afligem. E é preciso também diferenciar suas causas. O fato de as imperfeições deste mundo terem sido originadas pela queda do homem no jardim não significa que todas as tribulações enfrentadas pelos servos do Senhor foram ocasionadas por causa de seus próprios pecados. Não mesmo. É fato, sim, que os pecados podem também trazer sofrimentos e dificuldades como consequências (cf. Salmo 32.3-4; 1 Coríntios 11.28-30; Hebreus 12.4-11), mas nem sempre é assim. Os Livros de Jó e Habacuque, bem como vários Salmos, mostram que, neste mundo caído, aqueles que praticam o bem sofrem enquanto, infelizmente, os ímpios prosperam (cf. Salmo 4.7; 10.1-6). De todo modo, porém, "o justo viverá pela fé" (Habacuque 2.4). E todos nós, crentes em Jesus Cristo, podemos declarar que "a alegria do Senhor é a nossa força" (cf. Neemias 8.10; Filipenses 4.4-13).
Deus quer nos levar do pranto à festa!
Entendo que o Senhor não nos quer contristados para sempre. Ele quer nos ver felizes, pois nos ama e quer o nosso bem. Mas não é pecado se lamentar diante d'Ele. Na verdade, eu diria que isto é parte do processo de cura!!! O sofrimento é parte da caminhada cristã (cf. Filipenses 1.29; 1 Pedro 1.6-7). Contudo, se não colocarmos diante d'Ele nossos sofrimentos, angústias e lamentos, jamais seremos curados! E, assim, buscaremos as mais diversas soluções em psicanalistas, conselheiros, métodos de auto-ajuda, dentre várias outras ferramentas ineficazes e incapazes de realizar a cura que apenas o Senhor, por meio de Sua Palavra, pode nos dar (cf. Salmo 119.49-54, 81, 92, 143). Por isso, como Ela própria nos demonstra, os lamentos são parte do processo de cura da alma. E o Senhor quer mesmo nos renovar a alegria da alma e enxugar de nossos olhos toda lágrima, processo este que se repetirá por muitas vezes até o momento em que nossa festa não terá mais fim (cf. Romanos 8.18 & Apocalipse 21.4).
Já passei, confesso, por muitas situações de sofrimento, por mais forte que a palavra soe. E não posso deixar de falar que a Palavra e a lembrança do amor do Senhor por mim sempre foram meu auxílio nestes momentos. E, como tenho feito com tudo o que vivo nos últimos anos, minhas experiências acabam se transformando em orações cantadas e, por isso tantas composições surgiram assim (e muitas pessoas que cantam algumas delas nem fazem ideia de como surgiram hehe). Mas uma delas, em especial, veio de um momento de profunda angústia, neste caso, ocasionada por meu próprio pecado. Eu havia desobedecido ao Senhor e isso estava me consumindo. Eu me sentia realmente (sem retóricas aqui!) a pior pessoa do mundo. Cheguei mesmo ao ponto de achar que não dava mais pra ser perdoado, porque, na verdade, eu mesmo via minha ofensa como imperdoável. E foi aí que o Espírito me lembrou de Seu amor por mim. Coloquei, então, meu choro diante do Senhor e experimentei a cura e o perdão d'Ele. E foi, assim, lembrando deste amor que pude experimentar o renovar de minhas forças e o retorno de minha alegria.
Experimente a cura.
Talvez, você já tenha vivido algo assim, ou tem vivido algo assim ou ainda viverá algo assim (conforme falei no início do post). O que posso te dizer é que, seja qual for a razão de seu sofrimento, vale a pena colocá-lo diante do Pai, sabendo que isto é parte do processo que te trará de volta a alegria verdadeira, que independe de circunstâncias. E vale a pena também lembrar de Seu amor por nós. Naquele momento, isto me reergueu e me trouxe de volta o consolo e a gratidão. Mesmo que você não experimente o sofrimento por causa de um pecado, lembre-se do amor e do cuidado do Senhor por você e do presente maior que Ele já te deu. Apegue-se à Sua Palavra, busque Sua face em oração e leitura da Escritura. E, como consequência disso, entregue a Ele tudo o que você é e possui! Sem dúvida alguma, isso te ajudará bastante a cantar na dor e a experimentar o consolo que vem do Senhor.
Foi assim que surgiu a canção "Tudo Te Dou", gravada com a Banda Alta Frequência, em 2012, com a qual encerro este post. Você pode ouvi-la (e tocá-la, se quiser!) a partir dos links abaixo.
TUDO TE DOU
Cifra de Tudo Te Dou
Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)
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