Pular para o conteúdo principal

REPERTÓRIO: NECESSIDADE OU LUXO?

Uma discussão que já experimentei muuuito durante os mais de 20 anos convivendo com música dentro de igreja é aquela que envolve uma palavrinha assustadora pra muitos: REPERTÓRIO. Pra quem não tem certeza se sabe o que danado é isso vou tentar explicar em breves palavras. 

O repertório é uma seleção de músicas que um cantor, banda, grupo e/ou ministério tem à sua disposição como "prontas para uso imediato". Os cantores e bandas profissionais (cristãos ou não), costumam selecionar X quantidade de músicas pra determinada turnê e eles, geralmente, mantêm esse repertório até o fim desta, que pode durar seis meses, um ano, três anos (como no caso da turnê do dvd "Djavan Ao Vivo", com Carlos Bala, Paulo Calasans, Marcelo Martins, João Castilho, enfim, uma galera da pesada hehe), ou sei lá quanto tempo for necessário. Isso não significa que seja completamente impossível que eles consigam tocar uma ou outra música que não está no repertório, caso haja algum pedido do público ou alguma necessidade específica daquele dia em questão, mas esta música não é alvo do trabalho recente destes músicos e não é sequer ensaiada por eles. É a experiência da banda em questão que possibilitará ou não que esta música seja tocada, mas, enfim, ela não faz parte do repertório (músicas 100 % prontas para uso IMEDIATO, ou seja, prontas pra serem tocadas a qualquer momento). Bom, deu pra entender, né? rsrsrs

A grande questão, porém, que permeia a realidade de muitos grupos de louvor de igreja é: precisamos de um repertório? Outras ainda que podem ser citadas são: "Não será isso apenas coisa de estrela ou de artista famoso?" "Ter um repertório não é o mesmo que querer limitar a ação do Espírito Santo? E quando Ele resolve falar no meio da ministração?" Bom, é isso e coisa e tal. Pergunto novamente: precisamos de repertório? Em minha humilde opinião, respondo com letras maiúsculas: SIM! Vou explicar as razões. hehe

Primeiro de tudo: organização é algo que sempre vale a pena, né? hehe Quando se tem um repertório, é sempre mais fácil se lembrar de músicas na hora de escolhê-las pro culto, por exemplo. Quando se tem repertório, os instrumentistas e cantores têm um material de trabalho "palpável" e possuem como obrigação indiscutível deixar todas as músicas do repertório prontas pra serem usadas a qualquer momento. É também com a existência de um repertório que é possível se evitar aquelas "surpresinhas" e "cascas de banana" pros instrumentistas, que têm que se virar na hora pra acompanhar uma música de qualquer jeito e de supetão. E, mesmo que muita gente (leiga, geralmente hehe) diga que ficou liiiiindo, quem cantou e tocou sabe que ficou uma verdadeira... (sem palavras rsrsrsrs), né não? Será que é esse tipo de trabalho que Deus quer de nós? Acho que não!

Em segundo lugar, a comunidade eclesiástica precisa de um repertório. Acredito que quase todo mundo que trabalha com música na igreja já ouviu aquelas velhas críticas: "Só canta as mesmas músicas. Por que só canta as mesmas músicas?" Já ouviram? Eu já ouvi e vi muuuita gente dizendo isso em igrejas. Nós podemos até pensar que não, mas o povo, a comunidade que nos ouve semanalmente (pelo menos), conhece nosso repertório muito bem e percebe quando ele é ou não atualizado com frequência. O povo enjoa das músicas, ora bolas, assim como nós também enjoamos. hehe Ter um repertório facilita esse gerenciamento de músicas novas e a partir dele é possível se ver o quanto de material novo foi passado nos últimos três meses, por exemplo. Isso sem mencionar o fato de que é possível se lançar no repertório os futuros "desafios", as músicas novas que serão ensaiadas, por exemplo, nos próximos seis meses, o que também facilita o trabalho de todos, possibilitando que cada um já vá aprendendo essas músicas com bastante antecedência, né? Enfim, o repertório beneficia a todos!

Contudo, isso não quer dizer que tudo serão flores. É claro e evidente que nem todos irão gostar e/ou se adaptar de imediato à realidade do repertório. Esta é uma decisão que deve ser tomada pelo grupo, banda ou ministério e que deve ser exposta à liderança da igreja pra que haja compreensão quanto àquelas situações de "surpresinhas" às quais me referi há pouco. Inevitavelmente, problemas e questionamentos surgirão com a instauração de um repertório. Eis alguns: quantas e quais músicas incluir no repertório; quem deve escolher as músicas; que músicas tirar do repertório após a inclusão de músicas novas (acredito ser ideal que haja essa renovação e que haja também a substituição de músicas, pois não tem como se ter um repertório que aumenta infinitamente o número de músicas e querer que todo mundo se lembre de todas elas, continuando a lembrar das novas e das mais antigas que quase não são mais tocadas); quanto tempo este repertório deve estar em vigor (seis meses, um ano, etc.); o que fazer quando surgir aquela sugestão de música em cima da hora por parte do pastor ou do líder de louvor (por isso a importância de uma conscientização geral da liderança quanto à existência do repertório); como e quando dizer "não" para as tais sugestões de supetão; dentre várias outras. Como já disse, muitos problemas surgirão, mas a maioria deles tem solução fácil quando há diálogo entre todos os envolvidos. Eles vão surgir, gente, mas garanto que as vantagens superarão em muuuuito possíveis problemas de mera adaptação de um ou outro que possam surgir.

Também não é meu intuito estimular a total proibição de qualquer improviso no culto. Não to dizendo isso. Até porque o improviso é e sempre foi parte do trabalho do artista e do músico, só é preciso entender que até esse improviso tem seu padrão de organização. É preciso também entender que uma coisa é algo que foi necessário numa vez aqui ou acolá e outra completamente diferente é algo que sempre acontece. Não podemos transformar exceções em regra e imprevistos em situações previsíveis, mas precisamos estar flexíveis pra uma eventual (e real) NECESSIDADE. Às vezes, um ministro ou pastor se lembra de uma música ali, na hora, e que tem relação com o que ele está pregando e serve de excelente exemplo. Nesses casos, não custa nada pra os músicos (instrumentistas e cantores) ter um mínimo de boa vontade e ajudar, né? Agora, se isso sempre acontece, é preciso, de fato, uma reavaliação pra ver se isso, na verdade, não é desorganização por parte de pessoas que não conseguem trabalhar com antecedência e entrar em contato com o grupo um pouco antes. Fica a dica!

Finalizo dizendo, mais uma vez, que acredito totalmente que as vantagens de se ter um repertório são ENOOOOOOORMES!!!! Digo também que muitas resoluções devem ser tomadas de acordo com a realidade de cada igreja local, ok? Cada um tem seus "cada uns", né? rsrs Enfim, VALE A PENA!!!!! Experimentem! Testem um pouquinho! Estabeleçam um período de experiência e vejam (e também mostrem a outros) como o repertório traz benefícios.

É isso! Espero ter ajudado em algo! Qualquer dúvida ou algo do tipo, podem escrever aqui que eu respondo assim que puder. Grande abraço, Deus abençoe vocês e até a próxima!


Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)

Comentários

  1. Gostaria de saber qual a melhor forma de começar a organizar um repertório! Quantas músicas vc acha interessante para um Ministério de Louvor de uma igreja?

    ResponderExcluir
  2. Bom, acredito que kd realidade deve seguir aquilo que lhe é peculiar. É evidente q nem sempre a mesma maneira de agir funcionará em diferentes contextos. P isso, minha primeira recomendação é q procure perceber o estilo predominante da igreja: é uma igreja mais séria, mais animada, gosta mais de uma música mais erudita e/ou tradicional, gosta de rock ou de reggae, etc. Dpois, é bom q o próprio grupo procure escolher músicas q s encaixem nisso e atinjam as pessoas. Qto ao número, depende muito da frequência com q se cantam as músicas. Pra um grupo q ministra apenas aos domingos, acredito q um número entre 30 ou 40 é mais q suficiente, desde q haja sempre uma certa renovação desse repertório, ok? Abraço e Deus abençoe!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

DICAS GERAIS PARA DIVISÃO DE VOZES

E aê, galeraaaa!!!!!!!!! Que saudades de escrever por aqui! Após um tempo de férias do blog (mas não de descanso total, garanto hehe), estamos, enfim, de volta e COM FORÇA TOTAL!!! Eu realmente precisava de um tempo pra refletir e pensar um pouco mais sobre muita coisa e, em especial, sobre o que postar por aqui neste retorno. E, neste primeiro post pós-férias, resolvi falar sobre um assunto um tanto recorrente em nossas igrejas: divisão de vozes. Muita gente trabalha direta ou indiretamente com isso nas igrejas e muitas outras gostariam muito de poder fazê-lo. Sim. Eu mesmo conheço pessoalmente muita gente que gostaria de saber, ao menos em linhas gerais, como fazer uma divisão de vozes. Bom, meu desafio é tentar sintetizar isso por aqui. hehe É óbvio (mas preciso dizer!) que não é (MESMO) possível se fazer um verdadeiro curso de harmonização vocal, devidamente sistematizado e estruturado de maneira que, após visitar este post, alguém saia realmente formado como

LIDERANÇA MUSICAL NA IGREJA: FUNÇÕES E DESAFIOS

Introdução A importância da música na prática eclesiástica é algo inquestionável. E, para uma melhor prática musical eclesiástica, acredito ser de extrema importância se ter uma liderança bem estabelecida, de modo que tal prática possa ser conduzida rumo aos caminhos tencionados por um planejamento realizado por esta liderança. Contudo, há casos em que não há um líder oficialmente estabelecido. Acredito, porém, que sempre há um líder, mesmo que não se reconheça sua existência oficial. Mas há sempre alguém que influencia outros musicalmente e/ou que assume a responsabilidade pelas ações musicais da igreja. E, quando realmente não há, acredito que o potencial musical da igreja em questão poderia estar bem melhor e que, provavelmente, as ações musicais da referida igreja estão completamente perdidas, até que alguém se responsabilize por elas. Foi por isso que, dentre outras razões (como os pedidos que me foram feitos hehe), resolvi escrever esse post. Através dele, preten

DICAS PARA UMA BOA MINISTRAÇÃO

Após muitos estudos, reflexões e discussões sobre o assunto, resolvi, enfim, escrever um pouco do que penso sobre a chamada "ministração de louvor". Além de conviver com essa realidade de maneira muito próxima (o primeiro ministro de louvor que conheci foi meu próprio pai, com quem aprendi boa parte do que está aqui registrado), tenho tido o enorme privilégio de poder também ministrar louvor em minha igreja (ministro, junto com alguns mui amados irmãos, em nossa banda de jovens) e em outros lugares aos quais nossa banda é convidada a ir. E, por essa razão, me sinto bastante à vontade pra falar do assunto, tendo em vista que eu sou o primeiro alvo de cada palavra aqui registrada. Além disso, aqueles que trabalham comigo sabem, de perto, se as cumpro ou não, o que torna este post um desafio ainda maior. hehe Sendo assim, separei algumas dicas que colecionei ao longo dos anos e que acredito serem importantes em nossa prática musical eclesiástica. E, portanto, sem mais delong