Já vou começar perguntando. Aquele que ministra o louvor deve mesmo falar? O que ele deve falar? O quanto ele deve falar? Já viram algum caso em que um pastor de uma igreja pede ao ministro de louvor que fale um pouco menos? Já viram algum caso em que é solicitado até mesmo que este ministro sequer fale alguma coisa, mas apenas cante? Como devemos enxergar isto, então?
Em primeiro lugar, precisamos entender que o ministro de louvor NÃO é o pregador da noite (a menos que ele seja rsrs)!! Ops. Deixa eu explicar melhor. Há casos em que se convida alguém que ministra o louvor que acaba também trazendo a mensagem do culto em questão, pois foi convidado pra isto, mas não é destes casos que falo agora.
Infelizmente, temos sido tomados por uma modinha de que todo culto ou pelo menos todo momento de louvor tem que se assemelhar ao que se vê nos DVDs gospel. A galera vê um bocado daqueles chamados "Cânticos Espontâneos", às vezes uns três por música, ou mesmo aquelas "mini" pregações antes das músicas, e acha que todo culto dominical de uma igreja local deve ser assim também. Não dá pra ser assim meeeesmo!! Nas próprias igrejas dos cantores ou grupos que vemos em DVDs isto não acontece, via de regra. É preciso lembrar que uma gravação de DVD é um momento diferente, é uma ocasião especial, assim como também são os shows. Em muitas ocasiões assim, sequer há um pregador (não em todos, é claro) e, muitas vezes, é um dos próprios cantores. Mas, mesmo que se tenha um pregador e que, ainda assim, o ministro de louvor faça uns 15 espontâneos ou mesmo fale por 15 minutos antes de cada música, vocês acham que este é o caminho que devemos seguir?
Claro que sou bastante hiperbólico em meus exemplos, mas precisamos realmente compreender que, ao ministrar (ou dirigir, como queiram) um momento de louvor congregacional, nós NÃO somos os pregadores da noite. Logo, é preciso controle! É preciso entender que não existe essa coisa de se sentir possuído pelo Espírito Santo de modo a não conseguir se controlar de jeito algum, porque foi possuído!!! Basta lermos o que Paulo escreve em 1 Coríntios, nos capítulos 12 e 14, que veremos que não é bem assim. No entanto, vejo cada dia mais ministros de louvor falando e falando e falando e falando... Opa! Sou contra ministração de louvor, então? Não mesmo!
Jamais quero afirmar que sou contra a existência de palavras de encorajamento, ensino (com reservas!), exortação ou consolo por parte de quem está dirigindo a congregação em louvor ao Senhor. Ora, já até escrevi sobre como fazer isto (ver post: DICAS PARA UMA BOA MINISTRAÇÃO). Por isso que, em segundo lugar, quero afirmar ser necessário que se tenha em mente a centralidade da Escritura e de Sua exposição num culto público. Em outras palavras, temos que entender e nos submeter ao fato de que a Palavra de Deus deve ser o centro de nossas celebrações e, na minha visão, todo o culto deveria ser planejado em torno do texto que será pregado. E (me perdoem a franqueza) Ela deve ser pregada e exposta por aqueles que estudaram e se dedicaram a isso! E é exatamente por assim não acontecer em muitos lugares que vemos tantos absurdos sendo proferidos ao povo de Deus.
Eu não poderia ser contra alguém falar algo que edifique o povo de Deus, pois, se eu o fosse, estaria sendo contrário à Sagrada Escritura. Ela não fala diretamente sobre o "worship leader" (líder e louvor), mas nos ensina a estar cheios do Espírto, falando entre nós com salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5:18-20). Paulo também demonstra, em 1 Coríntios 14:1-3, o quanto se deve buscar o dom de profecia, a fim de edificar, consolar e encorajar (não quero entrar no mérito deste dom agora, tá?) e em diversas outras passagens somos também ensinados ao aconselhamento, à exortação e ao consolo mútuos, de modo que não há mesmo problemas em que isto aconteça e tampouco que isto aconteça com música. Mas, assim como entendo que alguém que não possui um mínimo conhecimento sobre a arte musical deva cantar (desafinado, desritmado, desentoado, etc) ou tocar (de modo horrendo, descuidado e desprovido de qualidade mínima), entendo que o Senhor levantou aqueles que foram chamados para o ensino próprio da Escritura, aqueles a quem Paulo chamou "pastores mestres" (Efésios 4:11). E o que dizer quando o ministro de louvor é também alguém chamado ao ministério pastoral?
Sobre isto, eu mesmo posso falar com experiência própria, pois tenho tido que lidar com tal realidade nos últimos anos. E serei bastante sincero: muitas vezes já tive vontade de falar aquele "pouquinho" a mais, sabe? Rsrs Muitas vezes me vieram inúmeros textos bíblicos à mente e uma grande vontade de recitá-los e de me alongar, mas optei por me conter. Isso quer dizer que nunca passei do ponto? Iiiih... Não mesmo! Rsrs Com certeza já cometi este erro, mas tenho procurado me policiar bastante desde que Deus me fez enxergar esta realidade. Muitas vezes, tive que (ali mesmo, na hora do louvor), no calor do momento, parar e refletir: "Qual o objetivo central do culto de hoje?"; "A mensagem que será pregada tem alguma coisa a ver com o que eu queria falar?"; ou ainda "Se eu falar isto, estarei tirando o foco da mensagem central que queremos passar hoje?"; e, por fim, "É mesmo necessário que eu fale após esta música?" .
É difícil, queridos, mas precisamos sempre nos lembrar de que "o espírito dos profetas está sujeito aos próprios profetas" (1 Co 14:32). Depois que passei a entender isto, já fui até mesmo questionado por alguém próximo a mim que queria que eu falasse um pouco mais. rsrs Tal pessoa, não por maldade, mas por costume, chegou a se queixar, dizendo: "Quase não teve ministração hoje!". No entanto, o fato é que nós muitas vezes não enxergamos o quanto a própria letra de uma música já diz tudo! E, apesar disso, queremos tagarelar o tempo inteiro, repetindo e repetindo, nem que seja o clássico "lá do início" ou "declare ao Senhor". Tenho percebido, ao observar diversos ministérios famosos e não-famosos que, aparentemente, as congregações mais maduras na adoração coletiva precisam deste animador de auditório cada vez menos. Às vezes, no simples tocar da introdução de uma música, esta já é reconhecida e, então, cantada a plenos pulmões. hehe Sendo assim, torna-se ainda menos necessário alguém ficar dizendo "cante, igreja". E também nestes casos o ministro pode até falar uma coisa ou outra antes de uma música, mas o fato é que, às vezes, não precisa mesmo! E, se esta for a melhor alternativa para o povo de Deus ser edificado e pra que Ele seja glorificado, a partir do contexto em que eu estiver inserido, prefiro mesmo apenas cantar. Quando ministro louvor, não estou ali como pregador (mesmo quando sou o pregador da noite). Isso tem estado bastante claro pra mim.
Outro problema que tenho percebido é que o tempo de exposição da Escritura tem se tornado cada vez menor em alguns cultos. Mas também... o momento de louvor gastou 45 minutos em três músicas!!! Já viram isto por aí? Já vi um bocado. E, além de vermos os ministros de louvor querendo pregar, temos visto muito pregador querendo cantar! rsrsrs Claro que não to dizendo que um pregador não pode cantar, hein? Rsrs Mas, de modo ainda pior, tenho visto mensagens INTEIRAS baseadas em uma música ou numa verdade que ela transmite, verdade que, geralmente, não se faz presente na Palavra!!! Cadê a Bíblia, gente? Cadê a exposição da Escritura? Não querendo entrar em outro assunto, só posso dizer que tudo isto tem gerado uma terrível e doentia inversão de valores e funções no Corpo de Cristo, de modo a tornar nossas igrejas cada vez mais doentes, espúrias e ralas.
E, quando eu até tenho algo de útil ou bom pra dizer, mas meu pastor chegou pra mim e disse que não falasse nada? Hum... é difícil lidar com situações assim, né? Sei bem como é, pois já vi e vivi isso também. Mas, com toda a submissão que naturalmente nenhum de nós tem, digo que, sim, devemos fazer exatamente aquilo que nosso pastor nos orientou a fazer. Em última instância, ele é o principal líder daquela congregação e aquele sobre quem Deus imporá maior cobrança sobre o rebanho a ele confiado. E, às vezes, você nem sabe, mas ele tem alguma razão importante pra te dizer aquilo. E, quando ele não tiver (o que nem sempre temos como saber), esteja submisso a ele mesmo assim, pois isto é bom e agradável diante do Senhor (Hebreus 13:17). Entregue tudo nas mãos de Deus e lembre-se: é Deus Quem irá julgá-lo conforme tiver agido, o que também acontecerá com todos nós (Romanos 14:10-12).
Portanto, concluo dizendo o seguinte: se alguém está ministrando o louvor, jamais se esqueça de que NÃO é o pregador do culto e, então, controle-se! Tem se sentido impelido a se tornar pregador? Vá, então, buscar mais e mais o conhecimento da Escritura (de repente, vá até mesmo a um seminário teológico) e, se tem sentido o desejo de se tornar pastor, ore ao Senhor que o confirme, lembrando que quem almeja tal obra, "excelente obra almeja" (1 Timóteo 3:1). Mas, por favor, não misture as coisas e não se torne empecilho para que o culto ao Senhor seja realizado de modo a agradá-Lo e a edificar Seu povo. Quer mesmo virar pregador? Vá estudar pra isso! Já é pregador? Então pregue, mas apenas quando lhe tiver sido dado tempo para pregar; pregue quando lhe for solicitado que o faça. E que, assim, cada um de nós desempenhe de Deus aquilo que Ele deseja que façamos, cada um em sua função, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, à edificação mútua e à glorificação d'Aquele que é tudo em todos (1 Coríntios 12:12-31; Efésios 4:11-16; Colossenses 3:11). Que Ele nos ajude neste desafio!!
Grande abraço!
Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)
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