Pular para o conteúdo principal

LEVITAS...?







Introdução

A Escritura nos apresenta um homem, chamado Abraão, que teve um filho chamado Isaque, que teve um filho chamado Jacó, cujo nome mudou para Israel. Israel teve doze filhos, dentre os quais, um se chamava Levi. Bom, isso aí todo mundo sabe, né? rsrs

O interessante é ver que cada um destes filhos de Israel teve muitos filhos, ao ponto de se transformarem nas tão conhecidas tribos de Israel. Cada tribo tinha seu território, seus chefes, líderes e cada uma tinha características e funções 


Os filhos de Levi

Os filhos de Levi, a princípio, não eram precedidos por uma boa reputação. Seu pai, Levi, juntamente com Simeão, um de seus irmãos, havia sido o responsável por um enorme massacre, uma enorme chacina na cidade de Siquém e, por isso, ambos chegaram ao ponto de serem amaldiçoados por seu pai, Jacó. (Gn 49:5-7). Contudo, ao se santificarem ao Senhor, juntando-se a Moisés na eliminação dos adoradores do bezerro de ouro, os levitas demonstraram zelo pela santidade do Senhor (Ex 32:25-29). Mais adiante, foram escolhidos pelo próprio Deus para Lhe servirem, o que lhes deu reputação restaurada e muito mais excelente, uma vez que foram entregues a Arão e a seus filhos, os sacerdotes, para os auxiliarem nos serviços do Tabernáculo, que mais tarde seria o Templo do Senhor (Números 3:5-13, 45). É preciso lembrar que o próprio Arão e seus filhos eram levitas, e eles foram primeiramente escolhidos para o sacerdócio. Daí em diante, podemos perceber que todo sacerdote era levita, mas nem todo levita era sacerdote, já que apenas os filhos de Arão haviam sido chamados para isso (Êxodo 28:1; 40:12-15; Números 3:10). Arão, assim como Moisés, seu irmão, era filho de Anrão, que era filho de Coate, que era filho de Levi. Ou seja, o pai de Arão (e de Moisés, claro!) era neto de Levi (1 Crônicas 6:1-3). Por isso que ele próprio e seus filhos (ou seja, todos os sacerdotes) eram também levitas. Mas, como já citado, apenas os filhos de Arão seriam sacerdotes. Embolado, né? rsrsrs Vamos adiante. 


Funções dos levitas

Sabemos, de cara, que os levitas eram os responsáveis por louvar a Deus por meio da música (e por isso que to falando do assunto nesse blog. hehe) Vemos, no Livro de Crônicas, os filhos de Levi adorando como cantores e instrumentistas (2 Crônicas 7:6; 8:14; 1 Crônicas 16:4-5). Mas não eram todos necessariamente (e apenas) músicos. Percebemos, em 1 Crônicas 16:6, que havia sacerdotes que também eram músicos. Ah. Mas eles também eram levitas, não é mesmo? Sim, de fato. Já Davi… rsrsrs Davi era da tribo de Judá e era o Rei e era também músico, como tanto já se sabe, mas não era levita. hehe E os levitas podiam também profetizar por meio da música (1 Crônicas 25:1), mas podiam ser encarregados de outras funções, como a de porteiros (1 Crônicas 26:1-12).

Vários textos bíblicos nos mostram quais eram as funções dos levitas. Não citarei todos, mas, olhando para o início da separação dos levitas pelo próprio Deus, vejamos Números 1:49-53, quando Ele próprio fala a Moisés:

"Não faça o recenseamento da tribo de Levi nem a relacione entre os demais israelitas. Em vez disso, designe os levitas como responsáveis pelo tabernáculo que guarda as tábuas da aliança, por todos os seus utensílios e por tudo o que pertence a ele. Eles transportarão o tabernáculo e todos os seus utensílios; cuidarão dele e acamparão ao seu redor. Sempre que o tabernáculo tiver que ser removido, os levitas o desmontarão e, sempre que tiver que ser armado, os levitas o farão. Qualquer pessoa não autorizada que se aproximar do tabernáculo terá que ser executada. Os israelitas armarão as suas tendas organizadas segundo as suas divisões, cada um em seu próprio acampamento e junto à sua bandeira. Os levitas, porém, armarão as suas tendas ao redor do tabernáculo que guarda as tábuas da aliança, para que a ira divina não caia sobre a comunidade de Israel. Os levitas terão a responsabilidade de cuidar do tabernáculo que guarda as tábuas da aliança”.


Perceberam? Os levitas eram também carregadores, cuidadores dos utensílios do Tabernáculo e dele próprio. 


A herança dos levitas

Contudo, gostaria de destacar algo que, pra mim, é ainda mais marcante do que o fato de não haver apenas levitas músicos. Falo, agora, da parte do sustento material… do salário, ou, mais biblicamente dizendo, da herança dos levitas.

Ao fazer a divisão da terra, o Senhor destinou uma porção para cada uma das tribos de Israel, de modo que todos os descendentes dos filhos de Jacó tivessem seu “pedacinho de chão”; Ele concedeu a cada um deles sua herança. Acerca dos levitas, porém, foi dito:

Os sacerdotes levitas e todo o restante da tribo de Levi, não terão posse nem herança em Israel. Viverão das ofertas sacrificadas para o Senhor, preparadas no fogo, pois esta é a sua herança. Não terão herança alguma entre os seus compatriotas; o Senhor é a sua herança, conforme lhes prometeu. (Deuteronômio 18:1-2)


E, se olharmos a continuação do texto e ainda muitas outras passagens, veremos que os levitas (e os sacerdotes, que também eram levitas, como já vimos) viviam do que era ofertado (Deuteronômio 18:3-8). E o trabalho deles era o que hoje chamamos de “tempo integral” ou “dedicação exclusiva”.


Levitas hoje?

Dito isto, só nos resta perguntar: nós, que trabalhamos com música na igreja, somos levitas? Desculpem minha franqueza, mas, opiniões contrárias à parte, preciso dizer que NÃO! A menos que um de nós seja filho de judeu, descendente da tribo de Levi, biblicamente falando JAMAIS podemos dizer que somos levitas. Este é um primeiro ponto, que, ao meu ver, por si só, já derruba esse costume de quererem nos chamar de levitas. Mas, além disso, há muito mais a se considerar.

Muitos até afirmam saber da (suposta) obviedade do fato de que, se não somos filhos de Levi, não somos levitas, mas ainda argumentam que é algo do tipo… meio que uma… descendência espiritual, por causa da função exercida. Pois bem! Eis outro ponto a ser questionado. Por que então, apenas os músicos são considerados levitas? Por que aqueles que carregam cadeiras na igreja, que varrem o chão e até mesmo os que pregam a Palavra (estes até já vi serem chamados assim rarííííííssimas vezes) não são também considerados “filhos de Levi”? E digo mais: por que, então, os que almejam a posição de levita (sim! há muuuitos que almejam, sim, este posto), NUNCA almejam ser os varredores, os porteiros e/ou os guardadores, zeladores dos utensílios dedicados ao serviço do Senhor?

Há ainda aqueles que se utilizam do fato de os levitas serem sustentados pelas demais tribos como argumento para que todos os músicos de igreja sejam remunerados. Hum… bom, quanto a isso, já escrevi por aqui (ver post A IGREJA DEVE PAGAR SEUS MÚSICOS?), e não entrarei especificamente nisso. Apenas faço mais algumas considerações.

Ao olhar para os textos, não vemos simplesmente uma exigência por salário aos levitas. Vemos, no entanto, uma série de renúncias e abnegações pelas quais eles passam por não terem direito a herança entre seus irmãos. Se fôssemos fazer uma analogia com a realidade atual, considerando os músicos como levitas, seria como dizer que todos os músicos de igreja são PROIBIDOS de trabalhar em qualquer outra coisa e lugar, dedicando-se INTEGRALMENTE à obra do Senhor, independente do tamanho do salário!!! Uau!! Assusta agora, né? hehe Será que alguém quer ser levita assim? Ou será que já não parece algo tão interessante? E o mais lindo, pra mim, sinceramente, é quando vemos a Palavra apresentar isto como uma recompensa (e não um sacrifício apenas) aos levitas. Se lermos Deuteronômio 10:1-8, veremos, a partir de seu contexto, a separação dos levitas, realizada pelo próprio Deus, logo após o terrível episódio do bezerro de ouro, no qual a tribo se santifica, ao ficar ao lado de Moisés e do Senhor (conforme vimos em Êxodo 32:25-29, citado logo no início deste post). E, então, ao chegar ao versículo 8, o texto diz, por meio de Moisés:

Naquela ocasião o Senhor separou a tribo de Levi para carregar a arca da aliança do Senhor, para estar perante o Senhor a fim de ministrar e pronunciar bênçãos em seu nome, como se faz ainda hoje. É por isso que os levitas não têm nenhuma porção de terra ou herança entre os seus irmãos; o Senhor é a sua herança, conforme o Senhor, o seu Deus, lhes havia prometido. (Deuteronômio 10:8-9)


Percebem? Estar inteiramente dedicado ao Senhor e abrindo mão totalmente de qualquer outra fonte de sustento e renda era para os levitas um enorme privilégio e recompensa da parte do próprio Deus!!!! Não era simplesmente algo pra se dar o que chamo de “carteirada espiritual” por aí.


Conclusões

Desculpem, mas preciso mesmo dizer: NÃO, NÃO SOMOS LEVITAS! E, se alguém quiser ser, recomendo que, antes, procure pensar em tudo isto que foi dito por aqui. O que percebo, queridos, é que cada dia mais, vivemos numa geração em que uns estão sempre ávidos por demonstrar que são mais espirituais que outros (mesmo que inconscientemente e/ou por influência de alguém). Vejo que há tanto misticismo (via de regra, bastante relacionado a práticas do Antigo Testamento) que acaba-se por confundir e misturar tanta coisa que nada tem a ver com nada meeeeesmo!! Há uma enorme sede por títulos, posições e cargos que isto tem turvado a visão de muitos (e que Deus me preserve disso, por Sua Graça). É algo que acontece muito, quando, na verdade, deveríamos buscar nos parecer mais com os levitas, dizendo: “Senhor, Tu, apenas Tu, és a minha Porção! Só Tu e apenas Tu, Senhor, és minha Herança. E independente de ser ou não sustentado por alguma igreja, independente de receber ou não salário de ofertas, independente de ter ou não uma boa renda, meu prazer é ser Teu, todo Teu integralmente, Senhor. Mesmo que o mundo (ou mesmo igrejas) me ofereçam tantas oportunidades de ter mais e mais e muito mais, como tanto se tem buscado, além de possuir títulos e mais títulos, posições e cargos, Senhor, o que eu mais quero é, cada dia mais, entender que Tu És o Melhor pra mim. Sim, Senhor! Como diz o salmo, Tu És a minha Porção, Porção da minha herança; és Aquele que sustenta a minha sorte.”

Que esta seja nossa oração! E que o Senhor tenha misericórdia de nós! Grande abraço!


Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DICAS GERAIS PARA DIVISÃO DE VOZES

E aê, galeraaaa!!!!!!!!! Que saudades de escrever por aqui! Após um tempo de férias do blog (mas não de descanso total, garanto hehe), estamos, enfim, de volta e COM FORÇA TOTAL!!! Eu realmente precisava de um tempo pra refletir e pensar um pouco mais sobre muita coisa e, em especial, sobre o que postar por aqui neste retorno. E, neste primeiro post pós-férias, resolvi falar sobre um assunto um tanto recorrente em nossas igrejas: divisão de vozes. Muita gente trabalha direta ou indiretamente com isso nas igrejas e muitas outras gostariam muito de poder fazê-lo. Sim. Eu mesmo conheço pessoalmente muita gente que gostaria de saber, ao menos em linhas gerais, como fazer uma divisão de vozes. Bom, meu desafio é tentar sintetizar isso por aqui. hehe É óbvio (mas preciso dizer!) que não é (MESMO) possível se fazer um verdadeiro curso de harmonização vocal, devidamente sistematizado e estruturado de maneira que, após visitar este post, alguém saia realmente formado como

LIDERANÇA MUSICAL NA IGREJA: FUNÇÕES E DESAFIOS

Introdução A importância da música na prática eclesiástica é algo inquestionável. E, para uma melhor prática musical eclesiástica, acredito ser de extrema importância se ter uma liderança bem estabelecida, de modo que tal prática possa ser conduzida rumo aos caminhos tencionados por um planejamento realizado por esta liderança. Contudo, há casos em que não há um líder oficialmente estabelecido. Acredito, porém, que sempre há um líder, mesmo que não se reconheça sua existência oficial. Mas há sempre alguém que influencia outros musicalmente e/ou que assume a responsabilidade pelas ações musicais da igreja. E, quando realmente não há, acredito que o potencial musical da igreja em questão poderia estar bem melhor e que, provavelmente, as ações musicais da referida igreja estão completamente perdidas, até que alguém se responsabilize por elas. Foi por isso que, dentre outras razões (como os pedidos que me foram feitos hehe), resolvi escrever esse post. Através dele, preten

DICAS PARA UMA BOA MINISTRAÇÃO

Após muitos estudos, reflexões e discussões sobre o assunto, resolvi, enfim, escrever um pouco do que penso sobre a chamada "ministração de louvor". Além de conviver com essa realidade de maneira muito próxima (o primeiro ministro de louvor que conheci foi meu próprio pai, com quem aprendi boa parte do que está aqui registrado), tenho tido o enorme privilégio de poder também ministrar louvor em minha igreja (ministro, junto com alguns mui amados irmãos, em nossa banda de jovens) e em outros lugares aos quais nossa banda é convidada a ir. E, por essa razão, me sinto bastante à vontade pra falar do assunto, tendo em vista que eu sou o primeiro alvo de cada palavra aqui registrada. Além disso, aqueles que trabalham comigo sabem, de perto, se as cumpro ou não, o que torna este post um desafio ainda maior. hehe Sendo assim, separei algumas dicas que colecionei ao longo dos anos e que acredito serem importantes em nossa prática musical eclesiástica. E, portanto, sem mais delong