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O MINISTRO DE LOUVOR E AS PESSOAS DA IGREJA



Imagem retirada de: blogdiaconos.com

Ministrar louvores a Deus na igreja local é, sem dúvidas, um enorme privilégio, mas também exige grandes responsabilidades. Aquele que desempenha tal função se encontra numa inevitável posição de destaque na igreja. E isto fará com que muitos o enxerguem das mais diferentes maneiras.

Para alguns, o ministro de louvor será considerado alguém mais espiritual (ou mais maduro espiritualmente), mais santo e alguém poderosamente usado pelo Senhor para ministrar à igreja. Para outros, este mesmo ministro será visto como alguém que tem muitas obrigações a mais que os demais membros da igreja, uma vez que desempenha uma função de liderança e deve agir como alguém que é exemplo. Seja qual for a maneira que o ministro de louvor é enxergado pelos demais, uma série de expectativas se fará presente em torno dele. E uma delas diz respeito ao modo como ele se relaciona com as pessoas.

Por essa razão, acredito ser muito importante que aqueles que lideram o momento de louvor cantado estejam sempre em contato com outros irmãos da igreja, além daqueles que fazem parte de seu ministério. É muito comum e meio que uma tendência natural que o líder de louvor se aproxime bastante de sua equipe (e penso ser isto mesmo necessário), mas o problema se dá quando ele não se envolve com as demais pessoas de sua comunidade eclesiástica. Eu sei, eu sei que as demandas do ministério são enormes e que são muitos ensaios, reuniões e tudo mais. Contudo, precisamos aproveitar ao máximo as oportunidades que temos de nos envolver com a igreja. Separei, então, algumas delas, as quais não apenas se aplicam àquele que dirige o louvor, mas também a todos os integrantes do ministério.


Participação nas demais programações da igreja

Não acredito que seja saudável para qualquer um que faça parte de um ministério de louvor (e, principalmente, aqueles que o lideram) participar apenas dos cultos e ponto final. Uma das coisas mais lindas que já pude ver numa igreja foi quando ministrei uma classe de escola bíblica em que irmãos recém-chegados na igreja estavam juntos com outros que ministravam louvor e/ou exerciam outros papéis de liderança. Era muito gratificante e edificante ver a interação entre eles e o quanto puderam se aproximar a partir de tal experiência. De modo semelhante (e, talvez, até mais eficaz), os grupos pequenos são oportunidades maravilhosas para que os relacionamentos se estreitem (também pude testemunhar momentos lindos e com estes mesmos irmãos também hehe). Pode até ser que não se diga isto, mas... sabe o que as demais pessoas (mesmo que inconscientemente) estão pensando ao verem um ministro de louvor ou outro líder em uma destas programações? Eles estão pensando: "Pôxa, esse cara tá todo domingo lá na frente ministrando e ensinando, mas ele também tá aqui, ó, aprendendo; ele não sabe de tudo e reconhece isto; ele ministra, mas é também ministrado!". E, assim, um grande exemplo é dado e relacionamentos são melhorados e, inevitavelmente, o impacto das ministrações realizadas por este ministro de louvor serão absolutamente diferentes (e pra melhor!), tanto para os que são ministrados quanto para você, que ministra.


Conversas antes e depois dos cultos

Eu, eu sei! São muitas as atribuições de quem trabalha com música na igreja, seja antes ou depois dos cultos. Acreditem! Tenho feito isto a vida a toda e, de fato, somos sempre os primeiros a chegar e os últimos sair, não é? rsrsrsrs É muita coisa pra montar e desmontar, ligar e desligar, som para testar, reunião de oração antes do culto, etc. Tudo isto é verdade, mas acredito que temos como contornar um pouco a situação.
Nos últimos anos, tenho tentado desenvolver algumas estratégias para vencer este problema. Sempre sofri com o fato de que, quando o culto terminava, muita gente ia embora sem eu ter conseguido sequer dizer "oi". O que fiz, então? Passei a priorizar as conversas com estes irmãos que saíam mais rápido e com os demais, antes mesmo de guardar os instrumentos ou o que mais fosse necessário. Ora, um instrumento ou microfone não vai morrer por ficar me esperando, não é? rsrs Muito pior é ouvir de alguns irmãos o que já ouvi algumas vezes: "Você tem um tempinho agora?" ou "Ah. Desculpa, não quero te atrapalhar, mas queria saber se..." ou ainda "Você tá sempre correndo, né?". É claro que há momentos em que não dá mesmo pra você parar e precisar pedir (e contar com) a compreensão de um ou outro irmão. Mas isto não de acontecer sempre. Logo, isso me entristecia muito e me fez mudar muita coisa em meus domingos, de maneira que antes mesmo de sequer desligar o teclado que eu usava, por exemplo, ou antes mesmo de desplugar meu violão, eu simplesmente descia do palco, plataforma ou seja como você preferir chamar (sobre isto já tratei no post: PALCO OU ALTAR?), e ia ao encontro de meus irmãos que se iam retirando ou se aglomerando em grupos de conversas ou coisas do tipo. Em outras palavras, eu me colocava à disposição de quem desejasse falar comigo. É verdade que, às vezes, ninguém queria (hehe), mas eu estava ali, pronto para ouvi-los e para também ser ouvido por eles (afinal de contas, não são apenas eles que precisam de mim, eu também preciso deles!). 

Antes do culto, a coisa se torna um tanto mais complicada, já que temos sempre que passar o som e tudo mais. Contudo, algumas estratégias também podem ser realizadas, como, por exemplo, encerrar a passagem de som ao menos 30 minutos antes de o culto começar. Também já tratei da passagem de som em outro post (A IMPORTÂNCIA DA PASSAGEM DE SOM) e ainda pretendo escrever um pouco mais sobre o assunto, mas não é este o foco agora. De todo modo, penso que, além de evitar o incômodo aos ouvidos dos irmãos que já estão chegando para o culto (passando a bateria, por exemplo rsrsrs), ganhamos aí 30 minutos para orar, fazer alguma reunião necessária antes do culto e podemos aproveitar para cumprimentar aqueles que chegaram um pouquinho mais cedo. Que tal isso? Dificilmente, alguém que não esteja envolvido diretamente no culto chegará uma ou duas horas antes, mas aqueles que são um pouquinho mais pontuais do que a grande maioria no Brasil (hehe), podem ser vistos chegando 10, 15 ou até 20 minutos antes. Se tudo do culto já foi resolvido, você pode, então, aproveitar esse tempo para ao menos dizer "oi" a estes irmãos e mostrar (sinceramente) que você não é mais especial por trabalhar no culto, mas que estará cultuando com eles e adorando ao mesmo Deus que é também o Senhor deles.


Saídas para lanches e refeições após o culto

Algo muito comum em minha cidade de origem (Natal-RN), é o hábito de os irmãos saírem pra comer alguma coisa após os cultos. Que tal, então, se você fizer isto com outros irmãos que não trabalham com a música na igreja? Novamente digo: eu sei, eu sei que é mais que natural nos juntarmos meio que como um "clã" musical, mas por que não convidarmos outras pessoas para estar conosco após os cultos? Nestes lanches, jantares ou o que mais for, há muita conversa bacana e laços podem ser construídos. É claro que não vai dar pra sair com todo mundo de uma vez, do contrário, faríamos um outro culto numa lanchonete da cidade e nem caberia tanta gente assim, dependendo do tamanho da igreja. hehe Mas podemos, pouco a pouco, sair com diferentes pessoas e diferentes grupos periodicamente. Isto será ainda melhor e mais eficaz em nosso envolvimento com toda a igreja. Ah. E é claro que também é preciso ter cuidado com o orçamento, né? rsrsrs Eu sei que nem preciso dizer isto àqueles que, assim como eu, não são tão abastados financeiramente. hehe É sério! Esta sempre foi uma tristeza minha e de minha esposa. Sempre falamos muito sobre o quanto queríamos nos envolver mais com as pessoas, mas os recursos não nos permitiam seguir os jovens de nossa igreja (nessa época, eu estava pastoreando os jovens em minha igreja anterior) em suas saídas aos sábados e domingos. Mas isto também não deve ser usado como desculpa pra avareza, hein? Decidimos que, como famílIa, estaríamos sempre reservando parte de nosso orçamento pra isto. Entendemos que isto era parte de nosso ministério e de uma vida eclesiástica saudável, o que nos fez priorizar isto, não simplesmente pelo "oba-oba", como se diz, mas porque sinceramente tínhamos o desejo de nos envolver com as pessoas. 


Conclusões

Acredito, então, que esta seja uma pergunta mais que necessária a todos nós: queremos nos envolver com as demais pessoas de nossa igreja? Será que realmente desejamos viver em comunhão com nossos irmãos? Ou será que preferimos apenas manter uma plateia e uma audiência que apenas assiste a nossos concertos musicais, a quem nada devemos e de quem nada esperamos? Bom, não vejo o trabalho com adoração musical na igreja desta maneira.
Gosto também de sempre me lembrar de Jesus e de Seu grande exemplo a todos nós. Você se queixa do fato de não ter tempo? Você argumenta que o ministério possui demandas demais pra que você ainda tenha que intencionalmente criar oportunidade de mais tempo para se envolver com as pessoas? Eu sei também que o grau de envolvimento (não em profundidade, mas em números) dependerá muito do tamanho da igreja em que atuamos, mas em nenhum momento eu disse que tínhamos a obrigação de conversar com todos os membros da igreja de uma só vez! E, voltando novamente ao Senhor Jesus, nosso Eterno Modelo, vale lembrar que Ele vivia rodeado por grandes multidões, tinha demandas mil em Seu ministério e, além do tempo que destinava para orar e estudar as Escrituras (sim, Ele jamais abria mão de Seu tempo diário e constante com o Pai), Ele sempre tinha tempo para atender àqueles que Lhe procuravam, mesmo que individualmente. Basta olhar para o exemplo de Nicodemos (João 3), do jovem rico (Marcos 10.17-22), da mulher samaritana (João 4), dentre vários outros. Ele bem que poderia aproveitar estes momentos que, talvez, fossem de breve pausa/intervalo ministerial e descanso, em meio a Suas andanças e ensinos e curas e etc, mas Ele não perdia a chance de Se mostrar disponível às pessoas. Através disso, dá pra ver o quanto o Mestre Lhes dava atenção.

Assim, é muito importante que desenvolvamos relacionamentos saudáveis com aqueles que fazem parte de nossa igreja. É muito importante que eles se sintam um corpo conosco, e não estranhos. É difícil? Sim, mas não impossível! O padrão é alto, não é mesmo? E quem disse que não era? rsrsrs Vamos nos envolver mais com nossos irmãos, amém? Vamos lhes dar mais atenção e viver aquilo que o Senhor deseja que vivamos enquanto Seu corpo vivo, unido e ligado por todas as juntas, edificando-nos em amor (Efésios 4.16). Que o Senhor nos ajude!!! 


Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)



Comentários

  1. Tenho trabalhado com louvor na igreja há alguns anos, horas mais direta e outras indiretamente. Me vi nesse texto e percebo a dificuldade de termos laços mais fortes com outros irmãos de fora do círculo musical.
    Mas há muito mais tempo tenho servido na EBD. Lá tenho podido cultivar muitos laços. O que percebo, então, é que a melhor maneira de interagir é descer no púlpito e ser com um com os demais nos outros serviços. Ainda vejo poucos músicos na EBD, na evangelização, carregando banco kkkkkk
    Assim, conseguiríamos desfrutar da amizade de muito mais gente. E juntos poderíamos servir melhor ao Altíssimo.

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    1. Verdade, querido Nilton. Verdade! Infelizmente, poucos têm pensado assim e se disposto a tb serem ministrados. E, às vezes, sendo bem sincero, me parece q, na verdade, muitos não se envolvem com o "resto" da igreja apenas por n querem msm. Há até msm aqueles q n querem s envolver pq, no fundo, não querem q a imagem "perfeita" q s tem deles seja abalada pela genuína convivência. Triste, mas real... :( Q Deus nos ajude a melhorar kd dia mais!

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    2. Exatamente. Concordo com você. Me parece que é muito mais questão de querer do que falta de saber como interagir.

      Na minha congregação não há o costume de um único líder do louvor. Mas um louvor dividido entre váaaaaaaaaaarios órgãos de louvor. Ido diminui essa construção do "pop star gospel local".

      Tem outras coisa, isso vejo e até escuto muito. A idéia que o músico na igreja já cumpre sua mordomia cristã tocando na igreja. Não precisa fazer mais nada. Ou ainda, deveria fazer mais coisa, "mas Deus entende que ele já está fazendo o possível"

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