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O QUE NÃO PODE FALTAR EM NOSSOS CULTOS? (PARTE 2)



Imagem retirada de: jornaloevangelista.com


Há cerca de um mês, comecei a tratar sobre aquilo que acredito ser indispensável em um culto cristão (ver post: O QUE NÃO PODE FALTAR EM NOSSOS CULTOS? (PARTE 1)), apresentando suas cinco primeiras características essenciais. Neste post, pretendo falar de outras cinco. Logo, começaremos do número 6, ok? hehe


6 - ADORAÇÃO VERTICAL E HORIZONTAL

Para muitos, a adoração é vista como algo "simplesmente" vertical (voltado para Deus) e, de fato, em primeira (e em última instância) é Ele mesmo Quem deve ser adorado. Contudo, quando olhamos para a Escritura (cf. Mateus 22.37-39 1 João 4.7-21), percebemos ser impossível amar a Deus verdadeiramente, e não amar ao próximo. E é por isso que tenho, nos últimos anos, pensado bastante sobre o quão coletivos têm sido nossos cultos. Como podemos dizer que amamos ao Senhor e que estamos prestando culto a Ele, mas não nos importamos com aquele que está do nosso lado?

De forma prática, então, acredito que nossos cultos precisam funcionar de tal maneira que os momentos de adoração direta a Deus (músicas e orações dirigidas a Ele, por exemplo) estejam mesclados a momentos de comunhão e interação entre aqueles que ali congregam (cf. Hebreus 10.25). É isto o que vemos em Efésios 5.19. Além disso, é preciso entender que a congregação presente em nossos cultos não deve ser confundida com uma plateia ou público que passivamente assiste a concertos musicais e a palestras de auto-ajuda (ou mesmo teológicas). Somos igreja do Senhor e devemos, em conjunto, adorá-Lo através da manifestação de nossa coletividade em amor para com Ele e uns para com os outros. Assim, testemunhos, pedidos de oração, palavras de encorajamento, dentre outras ações horizontais são muito bem-vindas, desde que haja sempre equilíbrio, já que, evidentemente, o culto não deve se tornar antropocêntrico. A adoração horizontal precisa estar, sim focada em Deus;  todas as nossas ações horizontais de culto devem ser feitas de tal maneira que Cristo seja engrandecido, e não o homem.


7 - UNIDADE NA DIVERSIDADE

E, já que falamos em coletividade, precisamos entender também que somos todos bastante diferentes uns dos outros. Mas… quem disse que isto é algo ruim? Deus intencionalmente nos fez diferentes, múltiplos, diversos, para a Sua própria glória! O desejo de Deus é que sirvamos uns aos outros, manifestando Sua multiforme Graça (1 Pedro 4.10). Penso que nossos cultos devem refletir esta diversidade também.

Ao tratarmos disso, é inevitável lembrar os muitos conflitos que há em igrejas quanto a estilos de música, de estrutura física e de liturgia como um todo. Isso porque NENHUM estilo é capaz de agradar a todos!! E nem deveria! Acredito que em todas as ações da igreja, mas, em especial, no culto, as mais diferentes manifestações culturais e artísticas devem ser usadas para a glória de Deus. Vale lembrar que foi Ele mesmo quem escolheu para Si UM POVO de muitas tribos, línguas e raças (1 Pedro 2.9). Pode até parecer contraditório, mas não é. Deus deseja ser adorado por meio de nossa UNIDADE EM DIVERSIDADE. Filipenses 2.1-4 nos exorta a seguir em unidade de pensamento, de amor, de espírito e de atitude, cuidando dos interesses uns dos outros. E, ao meu ver, isto deve estar presente, de alguma forma, em nossos cultos, nos formatos litúrgicos, na escolha de canções, etc. Quando pensamos mais em nossos irmãos, entenderemos melhor a coletividade na qual devemos viver, fazendo de nossos cultos ao Senhor não um momento de expressão dos gostos e filosofias de determinado grupo da igreja ou mesmo apenas do que sua liderança acredita ser o melhor, mas o povo de Deus, reunido naquele lugar, estará expressando, em conjunto, a adoração eclética que agrada o coração do Senhor.


8 - ORAÇÃO

Uau! A oração foi apenas o oitavo item entre dez?? Faço questão de dizer que estes itens não estão em ordem de importância, ok? hehe Até porque entendo que a oração deveria possuir lugar de muito maior importância do que tem tido atualmente. Já estive em vários cultos nos quais praticamente não se ora. Eu sei... eu sei que, quando cantamos algumas canções, estamos fazendo orações (cantadas) também, mas, por maior que seja meu amor pelas orações cantadas, será mesmo que as orações coletivas devem estar restritas a isto?

Sei que muita coisa dependerá também do tamanho da igreja em questão e de quantas pessoas frequentam seus cultos, mas, quanto tempo temos dedicado para orações em duplas, trios ou mesmo grupos de 4 ou 5 pessoas? Alguém, porém, diria: “Ah. Mas temos os cultos de oração pra isso, né?”. E quem disse que este post trata apenas dos cultos de domingo? Mas, por outro lado, temos que ser sinceros e perguntar: quantos de nós frequentam os cultos chamados de oração? E nem quero entrar nas razões pelas quais a frequência destes cultos costuma ser tão baixa. Prefiro apenas fazer o seguinte questionamento: apenas os que vão ou podem ir aos cultos de oração é que desfrutarão do privilégio das orações comunitárias? Bom, penso que não. Além disso, quando estamos constantemente orando, estamos constantemente relembrando o fato de que Deus é o Dono de tudo aquilo que estamos fazendo. As orações no culto não devem acontecer apenas pra preencher aqueles momentos vazios da liturgia e tampouco devem ser realizadas pra ganhar um pouco mais de tempo até o pregador chegar. Vamos orar, irmãos! Vamos orar mais! Vamos falar com o Senhor e fazer de nossos cultos momentos em que a grande família de Deus, reunida como igreja local, clama ao Seu Deus em comunidade e O adora como Seu grande Corpo reunido.


9 - CEIA

Sei que diferentes denominações possuem diferentes convicções e práticas da Ceia do Senhor. Não pretendo entrar em discussões quanto a consubstanciação e transubstanciação. Não mesmo! hehe É claro que tenho meus posicionamentos (só que este não é o foco no momento, embora eu acredite na Ceia como um “simples” memorial), mas, respeitando as demais convicções, desejo, na verdade, tratar do fato de que a Ceia do Senhor deve OBRIGATORIAMENTE fazer parte de nossos cultos. Ora, a Ceia é uma ordenança dada pelo próprio Cristo (cf. Mateus 26.26-29; 1 Coríntios 11.23-34). Contudo, devo confessar que percebo uma desvalorização muito grande da Ceia. Ela é tão pouco praticada em algumas igrejas. E, além disso (devo ser franco), muitas vezes parece que estamos num funeral (e num funeral de incrédulos!). A Ceia deve ser, sim, realizada com temor e tremor e, de fato, lembrar o sacrifício de Jesus nos comove, mas a Ceia também foi instituída para, de algum modo, lembrar Sua ressurreição (1 Coríntios 11.26). E, mesmo pensando em Sua morte, devemos ter em mente que, apesar de dolorosa, ela representou nossa vitória e a vitória do próprio Cristo (Colossenses 2.13-15).

Pensando nisso, acredito que nossos momentos de Ceia deveriam ser muito mais dinâmicos, criativos, alegres, mas reverentes, graciosos e nos quais nossos corações se mostram humildes e agradecidos por tão grande sacrifício. E, com que frequência a Ceia deve acontecer? Bom, cada igreja é livre para escolher a frequência com que a realiza, mas tenho certa dificuldade em concordar com uma igreja que passa muito tempo sem a realização da Ceia em seus ajuntamentos. Há inclusive quem defenda que, na igreja primitiva, a Ceia era celebrada em todos os cultos! Nunca vivi isto em minha igreja, infelizmente, mas acredito que seria maravilhoso. Isso porque a Ceia é uma grande proclamação do Evangelho, da Boa Notícia do quanto Deus fez por nós ao enviar Jesus para morrer e ressuscitar para nos salvar! E, se nossos cultos não costumam proclamar esta Boa Nova de salvação, por meio da qual Deus também é glorificado (já que Ele próprio ordenou esta proclamação), não sei mesmo pra que ainda existem. Por que não, então, usar teatro, boa música e tudo mais que pudermos, a fim de ter um momento de Ceia maravilhoso, sem “cair na rotina” (que é uma das razões pelas quais algumas igrejas jamais desejam realizar a Ceia em todos os cultos), usando todos os bons recursos que Deus nos concedeu? Se uma igreja pouco celebra a Ceia, pouco cumpre a ordenança de memorial do Senhor e pouco se lembra da salvação que graciosamente recebeu. E penso eu que, quanto mais nos lembramos da salvação que recebemos, mais desejamos louvar e cultuar ao Senhor com o melhor que pudermos. E a Ceia tem papel fundamental nisto.


10 - BATISMO

Por fim, preciso dizer coisas muito parecidas com relação ao batismo. Sei que diferentes igrejas possuem diferentes maneiras, lugares e frequência com que os batismos acontecem. E até mesmo logisticamente, talvez, fosse um tanto complicado ter batismo em todo culto. Bom, também não tenho argumentos contra isto. Acredito até que seria maravilhoso presenciar testemunhos de transformação de vidas pela fé em cada ajuntamento nosso. Meu foco, todavia, não se encontra na frequência de batismos de uma igreja local simplesmente, e sim no fato de que batismos têm que ser realizados pela igreja (Mateus 28.18-20). Se uma igreja demora tanto tempo pra batizar, não seria, talvez, um indício de que tão poucos têm sido alcançados? E, se este for o caso, não seria, talvez, um indicador do quanto esta igreja tem investido no alcance de outros? Não estou querendo dizer que todo domingo mil pessoas têm que se converter em cada igreja e tudo mais. A salvação pertence ao Senhor. Contudo, se entendemos que o Seu Espírito tem agido e que Ele deseja nos usar, a pergunta que devemos fazer é: temos nos deixado usar pelo Senhor no alcance de outras pessoas? Porque, se não estivermos dispostos a deixar que Deus nos use, tenho certeza de que Ele usará outros.

Portanto, creio que o batismo deve, sim, estar frequentemente presente em nossos cultos. Ao batizar pessoas, nós e eles estaremos, juntos, testemunhando e proclamando a todos a salvação que Cristo realizou em nós, pela qual morremos para o mundo e passamos a viver para Ele (Romanos 6.4). E creio eu ser este também um dos propósitos do culto público. Testemunhar sobre nosso novo nascimento é também uma maneira de adorar e glorificar ao Senhor.


CONCLUSÃO

Basicamente, estes são os pontos que acredito serem indispensáveis na realização do culto cristão. Por mais extremista que pareça, penso que se qualquer um deles não se fizer presente, não estaremos cultuando ao Senhor em comunidade de maneira que Lhe agrade. Nossos cultos precisam ser muito mais do que meros eventos sociais, nos quais aqueles que partilham da mesma fé se encontram. Nossos cultos existem para a glória de Deus e para a edificação de Seu povo (o que também Lhe glorifica). Sendo assim, é Ele Quem deve escolher o que deve se fazer presente ou não em nossos cultos. Nós não somos o público-alvo (ou não deveríamos ser, na verdade). Logo, precisamos estar sempre olhando para a Sua Palavra, observando atentamente os sinais que Ele nos deu, a fim de O cultuarmos de maneira apropriada.
É bem possível que haja algo mais a se acrescentar ao que escrevi aqui. E, caso você se lembre de algo mais, ficaria bastante grato que o apontasse no campo dos comentários aí abaixo. Caso discorde de algum deles, também ficaria feliz em ver seu ponto de vista a respeito, de modo que saudavelmente pudéssemos debater. De um jeito ou de outro, espero sinceramente que todos os nossos esforços enquanto atuantes no culto ao Senhor sejam voltados à busca de uma melhora constante naquilo que oferecemos a Deus enquanto Seu povo. Que nossos cultos a Ele sejam exatamente aquilo que Ele espera e procura, sendo nós Seus verdadeiros adoradores em espírito e em verdade (João 4.24). A Ele a glória!! 


Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)

Comentários

  1. Meu irmão parabéns pela iniciativa de montar um estudo tão proveitoso quanto este, temos sentido a necessidade cultuarmos a Deus a cada dia de forma mais acertada. Percebo que de todos os itens que foram falados, os mais importantes, de modo geral, vamos dizer assim, e que não podem faltar em um culto são: a oração que é a 1ª parte do diálogo com Deus, o momento da palavra que é a 2ª parte do diálogo que é quando a igreja aprende mais de Deus e o Louvor (bíblico) a Deus, dando a Ele a glória devida.

    Não é que os outros tópicos não sejam importantes, mas penso que em um culto de acordo com o que foi colocado pelo irmão estes três devem ocorrer sempre.

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