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ADORADORES DO DEUS TRANSCENDENTE






Acaso, sou Deus apenas de perto, diz o SENHOR, e não também de longe?  Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? - diz o SENHOR; porventura, não encho eu os céus e a terra? - diz o SENHOR.  (Jeremias 23.24)

Teus, ó senhor, são a grandeza, o poder, a glória, a majestade e o esplendor, pois tudo o que há nos céus e na terra é teu. Teu, ó Senhor, é o reino; Tu estás acima de tudo. (1 Crônicas 29.11)


O Deus Transcendente

Falamos muito que Deus é Grande, Soberano, Tremendo e todos os demais adjetivos de grandeza que nossa limitada linguagem foi capaz de cunhar para se referir ao Todo-Poderoso. E, de fato, a Escritura nos apresenta o Deus Eterno como alguém Incomparável, Altíssimo, Inatingível.

Temos, então, o privilégio de ter sido criados por esse Senhor Maravilhoso para o louvor de Sua glória (Efésios 1.3-14) e, por isso, tudo o que fizermos deve ser para o agrado de nosso Deus (1 Coríntios 10.31). Tudo deve ser realizado para adorar ao Rei dos reis, o Senhor dos senhores, pois Ele é Digno e Infinitamente Superior a qualquer outra coisa no céu, na terra ou debaixo da terra. Nada há que se compare a Ele! Nós, porém, somos muito pequenos diante de tamanha grandeza e temos muito ainda o que aprender em nossa caminhada como Seus adoradores.

Em nossa limitação de mentes e linguagens passamos a nos utilizar de muitas expressões humanas para se referir ao Criador. Isto é aquilo que chamamos de antropomorfização e antropopatia. Quando fazemos uso da antropomorfização, estamos atribuindo formas humanas a Deus, usando expressões como: a mão de Deus, os olhos do Senhor, a boca de Deus, o Senhor nos pegando em Seu colo, o abraço do Espírito Santo, etc. Por sua vez, quando fazemos uso da antropopatia, estamos atribuindo sentimentos e qualidades humanos a Deus, usando expressões como: a paciência de Deus, Deus se alegra conosco, Deus se entristece quando pecamos, etc. E não está errado, por si só, o ato de atribuir sentimentos e/ou formas humanas a Deus, ao menos não até certo ponto.

Em muitas passagens bíblicas, vemos a Escritura fazendo o uso de tal linguagem para se referir ao Senhor. Vemos Paulo nos ensinando a não entristecer o Espírito (Efésios 4.30), o profeta afirmando que os olhos do Senhor estão sobre toda a terra (2 Crônicas 16.9) ou ainda falando sobre a boca do Senhor (Jeremias 23.16). Logo, preciso reiterar que esta não é uma prática errada per si. Digamos que esta tenha sido a maneira que o próprio Deus escolheu para Se fazer um mínimo compreendido por nós, reles seres humanos limitados. Tamanho era o desejo de Deus de que nós o conhecêssemos (e ainda é!) que Ele próprio, o Deus infinito, decidiu Se fazer linguagem; o Verbo Eterno (assim a própria Escritura o apresenta) chegou ao ponto de Se fazer carne e habitar entre nós, de maneira que os homens pudessem tocá-Lo, enxergá-Lo e ouvi-Lo (João 1.1-3, 14; 1 João 1.1).


O "coleguinha" X o Deus da Escritura

Contudo, parece que os homens têm passado um pouco do ponto na maneira com que se referem ao Criador e têm feito uma humanização mais que excessiva do Eterno. Muitos têm se valido da antropomorfização e da antropopatia para meio que se esquecer a Quem estão se referindo. Tem crescido bastante uma tendência de se referir ao Senhor com uma suposta intimidade que me preocupa um pouco.

Tenho visto tantas músicas com uma linguagem que coloca o Criador como um bichinho de pelúcia, um "coleguinha" de escola ou até mesmo como um namorado ou sei lá mais o quê! Para tudo!!!! Espera!!! Estamos falando do Soberano e Inigualável Criador! Sempre que vejo a maneira um tanto desrespeitosa com que algumas canções tratam o Senhor, acabo me lembrando de textos como o de Êxodo 19.16-22:

Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões e raios, uma densa nuvem cobriu o mon­te, e uma trombeta ressoou fortemente. Todos no acampamento tremeram de medo. Moisés levou o povo para fora do acampamento, para encontrar-se com Deus, e eles ficaram ao pé do monte. O monte Sinai estava coberto de fumaça, pois o Senhor tinha desci­do sobre ele em chamas de fogo. Dele subia fumaça como que de uma fornalha; todo o monte tremia violentamente, e o som da trombeta era cada vez mais forte. Então Moisés falou, e a voz de Deus lhe respondeu. O Senhor desceu ao topo do monte Sinai e chamou Moisés para o alto do monte. Moisés subiu e o Senhor lhe disse: "Desça e alerte o povo que não ultrapasse os limites, para ver o Senhor, e muitos deles pereçam. Mesmo os sacerdotes que se aproximarem do Senhor devem consagrar-se; senão o Senhor os fulminará." 
  

Lembro-me ainda de Isaías 6.1-5:

No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo. Acima dele estavam serafins; cada um deles tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam. E proclamavam uns aos outros: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória”. Ao som das suas vozes os batentes das portas tremeram, e o templo ficou cheio de fumaça. Então gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! 


Ao me lembrar de textos como estes, não consigo entender como muitos conseguem cantar que, na presença do Senhor, pulam, correm ou outras coisas mais! Não consigo imaginar Isaías correndo (a não ser de medo!) ou pulando feito um louco na presença do Senhor! Não consigo entender também alguém tratar o Senhor como se fosse seu amiguinho imaginário! Ao olhar para estes textos, vejo o temor e tremor que a presença do Senhor impunha naqueles que dela desfrutavam. Era impossível estar diante do Eterno e não temer e tremer! E, antes que alguém argumente que os textos citados são do "Velho" Testamento (em seu sentido pejorativo do termo), peço que se observe também o texto de Hebreus 12.28-29:

Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor, pois o nosso “Deus é fogo consumidor!”

E o autor de Hebreus também cita Deuteronômio 4.24, mostrando o caráter imutável de nosso Deus, seja no Antigo ou no Novo Testamento (cf. Tiago 1.17). O Novo Testamento reforça ainda mais o temor que devemos ter diante de tamanha grandeza de nosso Salvador. Logo, podemos ver claramente em toda a Escritura que o nosso Deus deve ser tratado com todo o respeito que a Ele é devido! Tudo isso porque o nosso Deus é o Deus transcendente!!! Ele é Aquele que transcende a tudo e a todos, pois não há quem se compare a Ele. Parece que nos esquecemos do "simples" fato mencionado em Gênesis 1.1: Ele é o Criador! Esta afirmação por si só já nos coloca em nosso lugar e já nos distancia em grandeza d'Aquele que criou todas as coisas, o que também nos inclui. É preciso entender que Ele é presente em Sua criação desde o princípio (Gênesis 1.2), mas está muito acima dela. Ele ama a Sua criação, mas é infinitamente superior a Ela e jamais deve ser reduzido à sua semelhança (Romanos 1.25), apesar de Ele mesmo ter criado o ser humano à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1.26). Nós, porém, jamais devemos reduzi-lo à nossa insignificância! Não podemos jamais nos esquecer disto!


Quando entendemos que Deus é transcendente...

Quando realmente entendemos que Deus que é transcendente, muita coisa muda em nosso modo de pensar, sentir e agir. Quando entendemos que adoramos ao Deus que está acima de tudo e todos, a nossa maneira de lidar com as pessoas em nosso ministério, a dedicação que entregamos em nossos ensaios e momentos de planejamento, bem como aquilo que fazemos em nossos cultos muda COMPLETAMENTE!

Realmente acredito que se todos nós tivéssemos um pouco mais de compreensão de a Quem estamos servindo, jamais agiríamos com tanta negligência em nossos ministérios. Se tivéssemos um pouco mais de compreensão do quão Soberano é este Deus, que é fogo consumidor, jamais "subiríamos" em nossos "palcos" domingo após domingo, achando que, por alguma razão, este trabalho depende de nós ou deve, de alguma maneira, ser como nós desejamos! É impossível continuar a agir como agimos ao realmente pensarmos na grandeza infinitamente transcendente do Deus Todo-Poderoso. Precisamos realmente abraçar a verdade de que adoramos ao Deus transcendente!! Ele é o Senhor! A Ele devemos todo o temor e respeito e nisto consiste a verdadeira sabedoria (Provérbios 1.7). 

Como tem sido nosso tratamento de Deus? Como temos nos referido a Ele? Será que temos temido ao Senhor como deveríamos? Será que temos tratado Sua obra com a devida seriedade, entendendo que os Seus olhos (olha a antropomorfização!) estão sobre toda a terra e sondam nossa mente e coração, conhecendo nosso sentar, nosso levantar e todos os nossos caminhos (Salmo 139.1-3)? Sejamos, portanto, cada dia mais conscientes de que temos o privilégio de ser adoradores do Deus transcendente! Ele é o nosso Senhor! A Ele, pois, a glória eternamente!!


Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)


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