"(...) Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar (...)"
Este é um versículo bastante conhecido da Escritura. E, juntamente com alguns outros, do Livro de Provérbios, que tratam sobre o falar, é bastante usado até mesmo em piadas contra nossos irmãos tagarelas, não é mesmo? Quem nunca...? rsrsrs Contudo, deveríamos aplicá-lo às mais diferentes situações da vida e, nesses dias, estive pensando: por que não aplicar este ensino bíblico aos que fazem música cristã?
Já falei aqui sobre a quantidade (e qualidade) de fala necessária aos ministros de louvor (ver MINISTRO DE LOUVOR OU PREGADOR?). Mas, neste momento, gostaria de pensar um pouco sobre os cantores (e bandas) que fazem shows país afora (e até fora do Brasil).
Tenho visto grande preponderância de cantores que... de uma hora para outra, viraram... pregadores. E, longe de mim achar ruim que alguém pregue a Palavra (desde que o faça corretamente), mas acredito que as coisas têm ficado um tanto confusas. Por que cargas d'água parece que tem se tornado parte obrigatória da "liturgia" dos shows de música cristã que se comece a pregar em algum momento? Pagamos um ingresso para assistir a um concerto musical (desculpem-me se os escandalizo ao dizer isto, mas vejo como muito clara a distinção entre show e culto e, se pago um ingresso, não consigo considerar como um culto congregacional!) e, de repente, do pouco tempo que se tem no concerto (sim, os concertos com músicos cristãos são beeeem menores que os de artistas seculares, via de regra, mas o preço... muitas vezes... não!), o camarada (ou a camarada) para de tocar e começa a "pregar" por cerca de meia hora!!!
Perdoem-me as aspas no pregar, mas minha crítica não se dá simplesmente por causa de um ingresso comprado, desejando ouvir música (já sairam de algum destes show sentindo falta de mais música? hehe), mas, além de tudo, tantas vezes ouvi os tais cantores falando muita coisa que NÃO está de acordo com a Palavra de Deus. E, assim, milhares de pessoas, que lá estão, acabam ouvindo seus discursos e, infelizmente, muitos não têm a base (que deveriam ter) bíblica necessária para tal peneira (cf. 1 Tessalonicenses 5.21). Temos, pois, várias pessoas sendo ensinadas INdevidamente, porque alguém que, provavelmente, não deveria estar ensinando se propõe a fazê-lo e sem o mínimo preparo para isto. Ou seja, alguém que deveria ficar calado (ou falar menos), prefere não ser "tardio no falar".
Permitam-me uma pergunta: estaríamos de acordo se, da noite pro dia, passasse a ser item "obrigatório" em toda pregação que o pastor cantasse e, por causa disto, até aqueles pastores que não sabem um dó-ré-mi de música e/ou que são desafinados começassem a cantar em todas as pregações? Por que, então, desvalorizamos todo o preparo necessário para uma boa e fiel exposição da Palavra de Deus? Quer dizer que, se for famoso e fizer 15 minutos de escola teológica (como infelizmente têm se tornado muitos dos seminários "progressistas", digamos assim - e isto quando tais cantores fizeram algum destes seminários!), estará automaticamente autorizado a fazer o trabalho que deveria ser dos "pastores e mestres" (cf. Efésios 4.11-14)? Estes são os responsáveis pelo ensino, de maneira que o povo de Deus esteja suficientemente preparado para não ser levado "por qualquer vento de doutrina (...) pela astúcia com que induzem ao erro".
Isso quer dizer que músicos/cantores jamais devem ensinar? Não foi isso o que eu disse. Mas estamos falando de uma apresentação musical. Se estivéssemos falando de ministração de louvor na igreja local, eu recomendaria o mesmo post que recomendei lá em cima, no qual deixo claro que se pode falar, mas também com moderação, já que o pregador é outra pessoa. Além disso, quer ensinar? Então, observe os critérios bíblicos para isto (cf. 1 Timóteo 3; Tito 1.5-9), sabendo que aqueles que desejam ser mestres precisam estar cientes de que receberão maior juízo. Sim, o padrão de cobrança para aqueles que ensinam a Palavra é mais alto, e não só eu quem digo isto (cf. Tiago 3.1). Parece, contudo, que ninguém se importa mais com a prescrição bíblica e que qualquer um com um microfone na mão pode virar pregador.
Não seria melhor apenas cantar? Não seria melhor falar menos, beeem menos? Cada um fazendo seu trabalho, cada um atuando naquilo em que se dedicou a aprender e sabe fazer seria muito mais proveitoso para o Reino. Mas... infelizmente, a preferência é por falar e falar e falar e repetir e repetir... (deixemos de fora as poucas exceções de homens que realmente estão aptos a ministrar a Palavra e que sabem o que estão fazendo, no momento certo e na medida certa!). Deixo claro também que não estou me referindo a evangelismo nos shows. Refiro-me a quando os tais decidem "alimentar" o rebanho, espalhando suas filosofias de vida e "chutando com os dois pés" as portas das igrejas locais de onde vêm os que assistem a seus concertos, querendo mudar conceitos, culturas e tudo mais (sem base bíblica para tal).
Bem viriam a calhar os provérbios:
O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína.(Provérbios 13.3)
No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente. (Provérbios 10.19)
Cantores, cantem! Pregadores, preguem! Os que querem fazer ambos, que o façam conforme ensinam as Escrituras e na medida certa, sabendo que há tempo para tudo (cf. Eclesiastes 3.1). Que Deus nos ajude a saber quando falar e quando ficar calado.
Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)
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