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PRINCÍPIOS INDISPENSÁVEIS PARA O SOM DE UMA IGREJA

Imagem extraída de: vitoriamos.com



Nesta semana, surgiu em minha caixinha de perguntas no Instagram o assunto: som na Igreja. Decidi, então, explorar um pouco mais o assunto por aqui.

Sei bem que falar sobre som é algo sempre muito delicado em igrejas e, dependendo do tamanho e do poderio financeiro de cada comunidade local, esta discussão pode apresentar diferentes problematizações e demandas. Resolvi compartilhar, então, alguns valores que entendo serem aplicáveis a qualquer igreja, grande ou pequena.



1. O som de uma igreja serve para servir.

Este princípio deve ser aplicado a tudo na igreja. Tudo o que fazemos enquanto comunidade deve existir para servir a Deus, em primeiro lugar, e ao próximo, sem seguida. É aquilo que chamamos de amor vertical e amor horizontal (cf. Mateus 22.37-40).

E é exatamente por não se entender isso que tantos problemas acabam acontecendo. Este deve ser o alicerce principal, o ponto base de tudo. Entender isso transforma corações, tanto daqueles que estão produzindo o som quanto daqueles que o estão ouvindo. 


2. O som de uma igreja jamais deve ser o protagonista num culto.

Em qualquer história, seja em livros, teatro, cinema, seriados, etc, o protagonista é aquele personagem que recebe maior destaque e em torno de quem tudo se constrói. Até mesmo a existência de outros personagens se dá por causa dele.

Pois bem, num culto cristão o som definitivamente não pode cumprir esse papel. E isso, infelizmente, pode acabar acontecendo por duas razões: ou por excessiva preocupação com a qualidade técnica, de modo que outros aspectos igualmente importantes (ou até mais) acabem sendo ignorados; ou por problemas que são tão frequentes que acabam atrapalhando os serviços da comunidade local reunida, tirando a atenção de todos com chiados, microfonias e "outras cosítas más".

Ou seja, quer o som de sua igreja seja excepcionalmente bom ou excepcionalmente ruim, dependendo de como se lida com isso, ele estará se tornando o centro de tudo e é aí que mora o problema!!!


3. O som de uma igreja deve ser um meio para a música e demais ações sonoras de um culto.

O fim de tudo, o propósito principal de tudo o que é feito num culto não é produzir o melhor som do mundo! É claro que não estou dizendo que estaremos errados ao desejar produzir o melhor som que pudermos. Óbvio que não. Mas este não é o propósito principal! 

Vejo tudo o que está relacionado ao som como um MEIO para que as ações sonoras da comunidade local aconteçam. O sistema de som de uma igreja e toda a equipe que com ele trabalha existem para que aquilo que for cantado, ensinado ou falado possa chegar aos ouvidos dos presentes da melhor maneira possível. Então, ao entendermos isso, vemos como óbvio que o som deve se adequar às ações de cantar, tocar, falar, em primeira instância, e não o contrário, né? Bom, calma... vamo lá!

Sim, em primeira instância, sim. Já vi situações nas quais o pessoal do som queria intervir até na formação da banda da igreja, querendo sugestionar que não deviam usar aquela quantidade de cantores e tal ou que o baterista devia tocar mais assim ou mais assado... calma. Há certa linha bem tênue aí que não deve ser ultrapassada. Não há problemas, evidentemente, em se fornecer dicas para melhora. Exemplo: se um pregador fala muito distante de um microfone, é natural que se aconselhe que fale mais perto. Ok. E, assim, o pregador estaria se adequando ao som. Está errado? Não. É algo importante e necessário e, na verdade, ao fazer tal orientação, aqueles que trabalham com o som estarão cumprindo seu papel de servir ao propósito principal, que, nesse caso, é abençoar pessoas pela Palavra ministrada. Mas... a partir do momento em que os gostos pessoais dos sonoplastas começar a querer interferir até no tom de voz do pregador ou que se diga ao pastor que tem que pregar menos tempo por causa da duração da bateria do microfone sem fio, vemos um claro desvio do que deveria ser a conduta correta!

Tudo, tudo mesmo (cabos, microfones, compressores, gates, caixas de som, retornos...) deve existir para maximizar o trabalho musical realizado e auxiliá-lo a melhor entregar a mensagem que está sendo transmitida. Por isso que digo: o som deve ser visto como um meio, e não o fim! Se há algum conflito de ideias e há algo que querem de um jeito, mas esta mudança interferirá na mensagem em si, ou na forma como é transmitida, ao meu ver, o som precisa ceder, e não o contrário!


4. O som de uma igreja não tem a obrigação de "agradar todo mundo", mas deve, sim ser agradável a todos.

É... é claro que não é tarefa fácil, mas é preciso buscar a realização de um trabalho excelente, mas consciente quanto à coletividade que envolve suas ações. É realmente impossível deixar o som de um PA (o chamado "som da frente") conforme o gosto de todo mundo: uns vão querer o vocal um pouco mais alto, outros vão dizer que a guitarra tá muito alta, outros não vão se importar com o volume do baixo e por aí vai. 

Contudo, é preciso fazer algo que seja agradável a todos, no sentido de que não seja algo que agrida os ouvidos dos presentes e/ou que cause um não entendimento daquilo que é cantado ou falado. Você já esteve em um local assim, em que ninguém entende nada do que tá sendo cantado, por exemplo? 

Sintetizo o que penso assim: de nada adianta um som de excelente qualidade (o caso acima é um som de uma má qualidade, tá? só pra deixar isso claro! voltemos...), de nada adianta tanta qualidade, mas num volume que agrida os ouvidos dos mais velhos, por exemplo. Às vezes, agride também os dos mais novos. E é nisso que devemos ter cuidado! Volume, compreensão da mensagem e qualidade timbrística são itens que eu entendo serem indispensáveis de todo cuidado e atenção.


5. O som de uma igreja deve maximizar a qualidade daquilo que é executado, mas "não faz milagre".

Aqui defenderei um pouco o som e quem trabalha com ele. hehe Se o que for executado for ruim, não podemos responsabilizar o som por isso. 

Não tem som bom no mundo que dê jeito em cantor rouco, ou com "voz pequena" (voz sem muito ganho de volume natural), ou guitarrista que faz um solo sem definição. E aí, às vezes, por ignorância, a própria congregação acaba achando que isso é culpa do som, e não é.

Reitero que o sistema de som e os que com ele trabalham possuem a responsabilidade de maximizar o que for feito. Se tal cantora tem uma bela voz e está cantando bem, um som ruim poderia arruinar seu trabalho. Um bom som, por outro lado, além de reproduzir fielmente a beleza original dessa voz, pode também incrementa-la com um bom reverb ou delay e por aí vai.


Entendamos, então, que todos "jogamos no mesmo time", tanto os que tocam quanto os que sonorizam, e que devemos sempre nos ajudar, de modo que, juntos, rumemos no propósito principal de adorar a Deus e edificar nossos irmãos.

Sigamos no desafio de fazer algo melhor cada vez mais, e sempre com amor uns pelos outros.



Em Cristo,
M. Vinicius



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