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COMO ME MANTER CRESCENDO NO MEU INSTRUMENTO MESMO COM AS IGREJAS FECHADAS?





Sei bem que, em alguns lugares, as igrejas têm funcionado (com limitações, evidentemente) e que, por isso, alguns músicos têm atuado nas transmissões e tudo mais. Contudo, temos que admitir que nada tem sido como costumava ser, não é mesmo? Formações reduzidas ou mesmo um musico apenas têm sido as alternativas na maioria dos lugares.

Já falei por aqui sobre o quanto, ao meu ver, isso contribui para uma natural queda técnica do chamado "músico de igreja". Quero propor, então, algumas sugestões sobre como este músico (instrumentista ou cantor) pode se manter em crescimento técnico durante a pandemia (e isso, certamente, também servirá para aqueles que estiverem lendo este post após isso tudo passar - esta tem sido nossa oração: que passei logo!). Ah! Acho que não preciso dizer que a voz é também um instrumento, né? 


1 - Decida quanto tempo por semana você irá dedicar à música.

Sei que pode parecer difícil de alcançar ou algo impossível de se atingir, mas não é! Comece escolhendo uma quantidade X de horas por semana para seus estudos musicais. Seja realista, mas seja também corajoso e determinado no que diz respeito a isso. 

Para aqueles que não vivem de música, será naturalmente mais difícil (ou realmente impossível) conseguir estudar música de 6 a 8 horas por dia, por exemplo. Não é isso o que proponho. Pense na sua realidade. Se esse tempo musical semanal, hoje, não existe, descubra o que você pode cortar para que ele exista. Lembre-se: você não está fazendo isso apenas por você, mas pelo Senhor (uma vez que estará se dedicando à obra dele) e por Seu povo (já que nossos ministérios buscam a edificação do Corpo de Cristo). E, como um ótimo bônus, você também estará fazendo bem a si mesmo. Sugiro entre 3 a 6 horas semanais (sendo bem "econômico" e realista, ao considerar alguém que não vive de música).


2 - Distribua igualmente o tempo ao longo da semana.

É também muito importante que o uso do tempo semanal dedicado seja dividido igualmente (ou algo próximo disso) ao longo de todos os sete dias da semana (ou ao menos ao longo dos cinco dias, segunda a sexta). Não gaste todas as horas semanais num dia só e nem defina sua quantidade de horas semanais por um dia apenas (parece que disse a mesma coisa, mas são duas coisas diferentes! hehe). Se você dispõe de 3 horas para se dedicar à música, divida-as, por exemplo, em 6 sessões de 30 minutos. E, assim, você terá uma exposição musical diária (de segunda a sábado) de 30 min, descansando aos domingos. Ou, se preferir, inclua o domingo nisso (principalmente se você estiver tocando aos domingos) e folgue em algum outro dia (ou no sábado ou na segunda, por exemplo).

Parece bobagem, mas não é. Parece pouco tempo, mas... veja bem: se você gastar todo esse tempo em um só dia, os dias de abstenção acabarão pesando bem mais do que o tempo de prática que você teve. É como qualquer atividade física (e o estudo de um instrumento é, sim, uma atividade física): além de o efeito de tanto tempo parado, alternando com enormes picos de prática num dia só não ser algo bom para o seu corpo e mente, há um limite que nossos corpos aguentam por dia. Se você é alguém que não estuda música todo dia, não fará bem forçar seu corpo por 3 ou mais horas de uma vez num só dia, por mais que você até ache que sim! É realmente preferível ter várias sessões menores ao longo da semana do que uma maior em apenas um dia. E, se você quer tanto ou precisa (no caso dos momentos em que está tocando, como no domingo, por exemplo) de um dia em que a exposição será maior, melhor ainda: alie a prática diária com menos tempo a estas sessões maiores de ensaios ou apresentações. Você verá que esse dia em que você passa mais horas com seu instrumento vai render ainda melhor.


3 - Divida esse tempo entre diferentes atividades musicais.

Quanto mais o tempo que tenho de carreira e estudo musical avança, mais percebo e experimento que o aprendizado não se dá apenas naqueles momentos em que estamos isolados estudando escalas, arpejos ou praticando repertório em nossos instrumentos. Ouvir, apreciar, pensar, analisar, compor, (re)arranjar são atividades igualmente importantes e que devem, sim, ser consideradas como tempo de aprendizado musical.

Sendo assim, sugiro que, nas horas semanais dedicadas ao estudo da música, inclua momentos para tais práticas. E, quando dou esta sugestão, não necessariamente estou dizendo que diminua seu tempo d prática no instrumento e substitua um pelo outro. Se for possível, sugiro que haja um acréscimo mesmo. Na verdade, cabe a cada um já observar bem sua própria agenda e práticas e, em seu cálculo semanal, incluir, talvez, o que já seja feito (como ouvir, por exemplo). Se não for feito ainda, aí , sim, sugiro que se acrescente tais práticas.

Um simples ouvir uma ou outra música do repertório, bem como parar para analisar sua harmonia ou pensar num novo arranjo é algo que, às vezes, ou não é muito feito (e se perde a oportunidade de aprendizado com isso) ou é feito, e não se valoriza o tempo investido nisso. Você nem precisa ir para o grupo dos que vivem neuróticos por não estudarem muitas horas diárias (embora estejam se capacitando de outras formas... até mesmo ouvindo música no caminho para o trabalho, por exemplo) e tampouco deve ir ou estar no grupo dos que se limitam a apenas estudar escalas e arejos no seu instrumento. Tudo isso pode e deve andar junto!

Tudo isso vai depender muito do tempo disponível que cada um possui. Se você dispõe de 30 minutos por dia, talvez, você não queria abrir mão do tempo com seu instrumento para "apenas ouvir", por exemplo. E, nesse caso, seria realmente melhor você acrescentar a escuta ao seu dia em outro momento, ou, se julgar melhor, escolher um dia na semana em que não tocará, e usará os 30 minutos apenas para aprendizado de canções, ouvindo, reouvindo, analisando a mesma obra quantas vezes forem necessárias. Por outro lado, se você dispõe de 2 horas por dia, já fica mais fácil separar uns 30 minutos diários para isso ou, se não todo dia, usar sessões de 30 minutos de escuta musical duas ou três vezes na semana. Isso é MUITO pessoal e fica a seu critério. O que sugiro é que PENSE mesmo nisso e PONHA EM PRÁTICA!

E, embora em tenha usado bastante o exemplo de ouvir música, faça as demais coisas também. E invista em estudos teóricos, por exemplo... há muitos cursos até gratuitos disponíveis na internet e há outros pagos também que valem a pena. Há também coisa ruim por aí e FUJA delas. hehe Mas... busque essa capacitação. À propósito, lá no meu Instagram e no meu canal do YouTube, tenho buscado sempre oferecer dicas e até mesmo aulas que podem ajudar bastante também!


4 - Dedique constância nesse investimento de tempo.

Bom... nem espere que isso tudo funcione se, após duas semanas, você já tiver desistido e/ou falhado na agenda que você mesmo criou! Reitero a comparação com a prática de exercícios físicos: se não houver persistência na constância, os resultados não virão! Não espere se tornar um músico melhor estudando todo dia por duas semanas e passando, em seguida, 4 semanas sem sequer pegar em seu instrumento. Pode acreditar, por melhor que tenham sido as duas semanas primeiras, as 4 DESTRUIRÃO MUITO do que foi construído. Eu diria, por experiência própria que, para cada tempo parado, o dobro do tempo será necessário para recuperar o que foi construído antes disso. Não, NÃO É como andar de bicicleta! E, se você se propuser a regularmente estudar (seja qual for a frequência), sendo fiel nisso, você perceberá, caso tropece na constância e comprovará o que estou dizendo. Sim, há conhecimentos adquiridos dos quais nunca nos esquecemos, mas... digamos que o equilíbrio da bicicleta demore um pouco mais a chegar e que você, como consequência, fique um bom tempo sem coragem de ir à rodovia pedalar, pois ainda lhe falta segurança!


5 - Determine mudanças periódicas sobre como usar o tempo.

Somos todos humanos e, de algum modo, somos movidos a mudanças. Após algum tempo (e que tempo será não tenho como dizer, pois depende de cada um), é natural que a rotina estabelecida não nos pareça mais surtir resultado e/ou não mais nos atraia. Claro que não dá para dizer ou pensar algo assim logo após uma semana, né? Mas, após certo tempo, assim como também acontece com treinos físicos, você precisar mudar seu programa. E essa mudança será ótima, trazendo novo ânimo e revigorando seus estudos e resultados.

Para cada mudança de programa de estudos, sugiro um tempo mínimo de 6 meses e um tempo máximo de 2 anos. Mas, como disse antes, isso é muito pessoal. De todo modo, a menos que algo extraordinário (tanto pra bem como pra mal) aconteça, entendo 6 meses como um mínimo necessário no que diz respeito a se perseverar nos estudos. E, se não a cada ano, diria que, após 2 anos de persistência na mesma rotina, será mais que natural querer mudar algo e penso ser até saudável fazê-lo.



Enfim, espero ter ajudado de algum modo. E lembre-se: você tem o controle disso e essas escolhas precisam ser feitas de acordo com a sua realidade e disposição. O que importa é que, seja como for, você esteja constantemente buscando aperfeiçoar aquilo que Deus te deu! E que tudo seja para a glória d'Ele e edificação de Sua igreja. 

Grande abraço e.. BONS ESTUDOS!


Em Cristo,
M. Vinicius




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