Há mais de três mil anos, diversas famílias hebreias se refugiavam em suas casas, para comerem uma refeição especial, porém apressada e com clima de terror do lado de fora. Pavor, porém, não para aqueles que estavam em suas casas, mas para os que estavam lado de fora.
Deus lhes havia dito que imolassem um cordeiro, para comê-lo, em família, e que colocassem o sangue desse cordeiro em suas portas, pois ao passar pelo Egito para ferir os primogênitos (como punição por sua desobediência e ataques, torturas e opressão aos israelitas), Ele veria o sangue nas portas e passaria sobre (isto é, acima de) os israelitas, preservando-lhes a vida (cf. Êxodo 12.1-14).
Contudo, aqueles que estivessem do lado de fora estariam entregues ao caos, ao terror e à destruição, pois não desfrutavam da proteção trazida por meio daquele sinal: o sangue do cordeiro cobrindo suas casas. Aos israelitas, portanto, restava apenas crer e obedecer ao SENHOR, permanecendo em suas casas, confiando que todos os males da décima praga viriam apenas contra os egípcios, e não contra eles.
E assim nasceu a Páscoa (a Pesach, no hebraico). E foi exatamente durante a celebração desta festividade judaica que Cristo Jesus, como um cordeiro imolado, foi entregue nas mãos dos pecadores e derramou Seu sangue para salvar não apenas os filhos de Israel, mas, agora, o sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, iria salvar todo aquele que n’Ele cresse, gente de toda tribo, língua, raça, povo e nação, desde que cressem em Seu Nome (cf. 1 Coríntios 5.7; João 1.11-13; 2 Coríntios 5.21; Efésios 2.19; 1 Pedro 2.1-10).
Aquela primeira páscoa, porém, era apenas um símbolo do que Deus iria fazer (cf. Hebreus 10.1); Ele já havia salvado os filhos de Israel da destruição e os libertava para uma nova vida numa nova terra. Mas, agora, tudo seria ainda melhor! E, diferentemente daquele cordeiro, Jesus não permaneceu morto e tampouco precisaria ser sacrificado todos os anos (conforme estabelecido na saída dos israelitas do Egito): Ele morreu uma vez e foi suficiente para proteger a todos os que buscassem refúgio sob Seu sangue, os quais nõo seriam destruídos como punição por seus próprios pecados, mas seriam eternamente salvos; e, ao terceiro dia, Ele ressuscitou demonstrando vitória contra a punição da morte e até mesmo contra sua presença. Pronto. A Páscoa estava completa!
E, hoje, quase 2.000 anos depois da morte e ressurreição de Jesus, celebramos esta vitória que Cristo nos deu, a nós que cremos em Seu Nome. Assim tem sido ano após ano. Mas, neste 2021, a Páscoa tem sido diferente. Ou… será que não?
Há um grande mal fora de nossas casas e não poderemos sair e celebrar em comunidade, conforme normalmente faríamos. Há um clima de terror do lado de fora; há temor de morte, falta de esperança, choro e dor de muitos perdendo seus entes queridos e/ou igualmente perecendo. Deus está nos dando, então, a oportunidade de relembrar a primeira Páscoa. Contudo, não precisamos passar sangue em portas e tampouco temer destruição eterna. Celebramos, hoje, a salvação que Cristo já nos trouxe por meio de Seu sangue. Celebramos também que Ele morreu, mas ressuscitou e em breve voltará para nos buscar.
Portanto, resta-nos crer, no recôndito de nossos lares, em família, que a salvação já veio! E que, mesmo que o COVID-19 nos alcance, nossa esperança permanece viva e operante, pois aqueles que creem em Cristo Jesus viverão eternamente! E, uma vez já salvos, não há por que temer a morte. É verdade que este tem sido um ano triste e difícil, mas precisamos ser a voz que o mundo precisa ouvir nesses dias; precisamos ser aqueles que, mesmo de casa, testemunham da esperança encontrada no Cordeiro de Deus que derramou Seu sangue por nós e que ressuscitou!
Se cremos na ressurreição, precisamos viver de acordo com isso, e não abraçarmos o desespero e.a falta de esperança tão abundantes em nosso mundo neste ano de 2021. Não podemos viver como se Cristo não houvesse ressuscitado naquele domingo. Queridos irmãos, é hora de bradarmos em alto e bom som, mesmo de nossas casas, por meio de mídias sociais ou do que for, que “tragada foi a morte pela vitória” (cf. Isaías 25.8) e isto graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de Cristo Jesus (cf. 1 Coríntios 15.1-58).
Por isso, cantemos! Sim, cantemos, mesmo em casa!!! Não apenas assistindo às transmissões online de nossas igrejas! Cantemos em família! Ouçamos músicas, quer no YouTube, no Spotify, no Deezer, no Apple Music, etc. Em meio ao clima de morte que nos circunda, celebremos a vida!!!
Vamos voltar ao começo, lembrando daquelas famílias israelitas e do livramento que Deus lhes deu! Vamos viver o presente, sabendo que que Cristo já veio, limpando-nos de nossos pecados e da punição que merecíamos, trazendo bênção a todas as nações da terra. E vamos olhar para o futuro, sabendo que, com Corona ou sem Corona, perdendo ou não familiares, amigos, irmãos em Cristo, temos plena certeza de que todos (eles e nós) viveremos eternamente!!! O sepulcro está vazio! E assim também estarão, um dia, nossos leitos de hospital e nossos caixões!
Feliz Páscoa!
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