Você e seu grupo já tiveram dificuldades para escolher o que cantar? Já enfrentaram situações em que a dúvida era grande sobre se valia a pena ou não cantar determinada música?
Sempre que se fala em escolha de músicas, estamos tratando de algo que pode ser muito pessoal. E é assim que muitos lidam com a escolha de músicas, colocando seus gostos e preferências como critérios importantes nessa escolha. Mas… e se eu te disser que não dever?
A escolha de canções para a comunidade local precisa ser TUDO menos algo pessoal e particular. Isso não quer dizer, evidentemente, que só escolheremos tocar canções que detestamos. Não é essa a ideia. Mas não é porque gostamos muito de uma música e porque queremos muito cantá-la que ela está, de fato, qualificada para ser cantada em nossas igrejas.
Como fazer essa escolha, então? Como escolher as canções de um culto?
1 - Tenha na qualidade da letra o primeiro critério para a escolha.
Não estamos tratando de música instrumental, e sim vocal. Não tem como falar em música vocal e não reputar à letra importância maior. Além disso, estamos falando de música congregacional. Quando se fala em música na igreja, temos que nos lembrar de que ela tem duas características principais. Ela é um dos meios que devem ser usados para que a Palavra de Cristo habite no coração da igreja. Além disso, ela é uma das ações que têm como base a plenitude, o enchimento do Espírito (cf. Colossenses 3.16; Efésios 5.18-20).
2 - Use a pregação do culto como base.
A Escritura é o centro de tudo o que se faz num culto (ou pelo menos deveria ser). Sendo assim, considerando que a Bíblia esteja sendo pregada, entendo que essa deve ser a mensagem principal do culto como um todo. E, portanto, todas as canções devem estar de algum modo relacionadas ao que será pregado.
E, por isso, o trabalho conjunto entre pastores e músicos precisa ser constante. E, se por um acaso, não se encontrar no repertório número suficiente de canções diretamente relacionadas àquele texto bíblico, aponte-se para Cristo e o Evangelho. Como assim?
Do mesmo modo que toda pregação deve ser cristocêntrica, assim também deve ser o culto e tudo o que nele acontece (cf. Efésios 1.10; Colossenses 1.18). Então, mesmo que uma determinada passagem bíblica traga mais dificuldades de se encontrar canções especificamente relacionadas, aquela passagem (assim como todas da Escritura) estará apontando para a Boa Notícia e para o Senhor Jesus. E se cantarmos canções que possuem Cristo e Sua obra redentora como centro, NÃO VAI DAR ERRO!
3 - Respeite a cultura da igreja local.
Somos todos seres culturais. Deus assim nos fez. Claro que a cultura não é mais importante que o conteúdo. Óbvio que não. Culturas (assim como tudo o que diz respeito a formato) passam, mas a Palavra do Senhor permanece para sempre (cf. Mateus 24.35). Mas a cultura é parte de quem nós somos. E, assim com o próprio Jesus usou instrumentos da cultura de sua época em Seu ensino, vestiu as roupas de Sua época, falou a linguagem de Seu tempo aqui na terra (sem pecar, claro, conforme dizem 1 Pedro 2.22 e 2 Coríntios 5.21), também devemos fazer o mesmo.
Por isso não caia no erro de querer “enfiar goela abaixo” um estilo musical que nunca foi tocado em sua igreja ao longo de toda a história da comunidade. Isso não quer dizer que não possamos tentar educar a igreja a conhecer outros estilos e tudo mais. Não. Mas… é preciso sensibilidade. Escolha, então, canções dentro da proposta da comunidade local. Quer um exemplo? Eu amo jazz e bossa nova. Como saxofonista, é o que mais toco, mas… jamais irei organizar cultos todo domingo só com jazz e bossa nova, pois sei bem que essa não é a cultura dominante no local em que atuo. (cf. 1 Coríntios 9.19-27).
4 - Observe bem o nível de exigência técnica das canções.
É preciso sensibilidade para perceber o quanto sabemos e humildade para reconhecer nossas limitações musicais (cf. 1 Coríntios 8.2). Com o enorme crescimento da música cristã como um todo, é super comum encontrarmos canções das quais gostamos bastante que possuem altíssimo nível de dificuldade técnica.
Às vezes, é apenas uma questão de arranjo e dá pra contornar a situação. Em outras, porém, não há como! Eu diria, então, que é melhor reconhecermos que não teremos condições de tocar satisfatoriamente essa canção e deixá-la de lado. Sim. E digo isso não só pelos músicos, mas também pela congregação.
Aquilo que chamamos de “canção congregacional”, assim como os hinos, possui características musicais bem peculiares. Preste bem atenção. Observe a extensão vocal exigida, o nível de complexidade melódica e harmônica… é natural que algo muito mais complexo (musicalmente falando) se torne mais difícil de ser aprendido e cantado. Mas… é nosso objetivo conduzir o povo de Deus em cânticos, não é? Como irão cantar se a música exige extensão vocal absurda e/ou é cheia de dissonâncias, sendo mais aquele tipo de música que chamamos de “música pra músicos”?
É preciso sensibilidade. Sempre devemos buscar fazer o melhor, claro. Mas… entendendo os diferentes contextos, às vezes, fazer o melhor significa cantar algo mais simples (algo bem executado - que fique claro! - e com o máximo de qualidade técnica que o estilo requer, sim, mas algo mais cantável). Se crianças, jovens, adultos e velhos não forem todos capazes de cantar uma canção, ela não é uma canção apropriada para o contexto congregacional!
5 - Equilibre a quantidade de canções rápidas e lentas.
Quando olhamos para o Livro de Salmos, vemos diferentes categorias de poesias cantadas e diferentes estilos para diferentes momentos: lamentos para a noite escura da alma, canções de agradecimento pelo livramento, canções didáticas, canções de celebração, canções de petição, etc. E o mesmo deve acontecer com o que cantamos na igreja.
Considero inapropriado um momento de cânticos totalmente formado por músicas de andamento rápido ou totalmente formado por canções mais lentas. É importante o equilíbrio. E tudo isso, claro, dentro do que discutimos no item 1. O conteúdo é sempre o principal e, dependendo do que está sendo cantado, o andamento das canções será mais rápido ou mais lento. Pender para um lado apenas é ignorar as diferentes nuanças necessárias à adoração cantada.
Espero que essas dicas ajudem você e sua igreja. E, se tiver alguma dúvida sobre alguma delas, pode mandar por aqui nos comentários e terei todo o prazer em responder assim que possível.
Grande abraço e que Deus nos ajude no trabalho ministerial.
Em Cristo,
M. Vinicius
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