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ADORAÇÃO ESTILOSA


Tendo em vista a enorme pluralidade do ser humano, há diversas opiniões e gostos quanto a todos os tipos de assunto, de modo que é impossível se encontrar uma verdadeira unanimidade com relação a qualquer coisa e, em especial, no que diz respeito às diversas formas de manifestações culturais e artísticas. Há diversas formas de arte e diversos estilos artísticos e, quando nos referimos à música não é diferente.

Há muitos estilos musicais e homens e mulheres, jovens, adultos, idosos e crianças acabam por se aproximar mais daqueles que são de sua preferência. Há quem goste de samba, rock, dance, folk, forró, country, enfim, há gosto pra tudo e há sempre alguém que goste de determinado estilo ou gênero, por mais odioso que ele aparente ser. rsrs É por isso que lidar com gosto é algo tão complicado. 

Entretanto, no ambiente da igreja, o "gosto musical" é um dos assuntos que mais se discute. E, em muitos casos, há uma verdadeira briga sobre qual estilo deve ser tocado em adoração ao Senhor. Mesmo soando repetitivo, acho que sempre vale lembrar que adoração não é música, né? A música é uma das formas com que podemos (e devemos adorar). Mas isso já foi assunto em outro post. Então, vamos adiante. hehe

Considerando, então, que estaremos adorando por meio da música, que estilo musical deve ser usado? Qual o estilo mais apropriado para se tocar numa igreja? Qual o melhor estilo para se adorar ao Senhor por meio da música? Bom, responder a estas perguntas é, no mínimo, um desafio, mas vamos tentar refletir a respeito delas.

Primeiramente, gostaria de enfatizar algo que sempre rege meus pensamentos e ações dentro da igreja. Posso parecer ofensivo pra alguns ou até arrogante, mas garanto que isto não é meu objetivo. Tanto é que, como sempre digo, pode questionar o que está registrado aqui. Só peço que o faça após refletir a respeito, ok? O fato é que não posso deixar de dizer aquilo em que acredito e que vejo claramente evidenciado nas Escrituras: DEUS NÃO TEM ESTILO!!!!!!!

Sei que muitos podem ficar chocados com isso, principalmente, alguém que se diga conhecedor da "música do céu", mas, PELO AMOR DE DEUS, a Bíblia, em nenhum momento, mostra o estilo predileto de Deus. Muito pelo contrário. Ela afirma que "Deus é espírito" e procura "adoradores que o adorem em espírito e em verdade" (Jo 4:23-24). O vocábulo grego traduzido como espírito é πνεῦµα (lê-se pneuma), de mesmo radical de nossa palavra "pneu", e passa a ideia de algo sem forma, sem formato pré-definido. O texto diz claramente que "Deus é espírito" (e que fique claro que, aqui, João não está falando do Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade), ou seja, ele está dizendo que Deus não tem forma definida, apesar de poder assumir formas (nuvem, fogo e várias outras que vemos no Antigo Testamento e, finalmente, a forma encarnada na pessoa de Jesus). Ele tanto está falando disso que diz que "Deus é espírito e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade". Ao observar o contexto (momento no qual Jesus conversa com a mulher samaritana), veremos que Jesus está falando sobre a adoração e suas formas. Mas Ele diz que, assim como Deus não tem forma estabelecida, pois é espírito, aqueles que o adoram devem também adorar "sem forma" pré-estabelecida (seja num monte ou em outro monte, neste lugar ou em outro lugar, etc.). E isto pode ser muito bem aplicado aos estilos, pois Deus não tem uma fôrma pré-estabelecida de lugar, momento e muito menos de estilo de adoração. Os samaritanos tinham um estilo e os judeus tinham outro, mas o que ele quer, segundo o próprio Cristo, é que se adore "em espírito e em verdade".

Por essa razão, não posso deixar de citar as palavras do pastor Rick Warren. Ele afirma que, na verdade, os estilos dizem muito mais sobre o ser humano do que sobre Deus. E é verdade. Se prestarmos atenção, veremos que os estilos que tocamos e cantamos vão dizer muito mais a nosso respeito do que a respeito de Deus. Quem gosta (ou "desgosta") de forró ou rock não é Deus, e sim os homens e mulheres. Até porque se cremos que Deus criou todas as coisas, Ele também criou as artes em geral e, como qualquer outra coisa criada, para louvor de Sua glória. Satanás e o homem são aqueles que deturpam tais coisas (não só as artes), mas Deus criou TUDO para louvor de Sua glória. Essa estória (como de costume, uso intencional de "estória", e não "história") de que determinado estilo é "do demônio", me perdoem, mas é, no mínimo, ANTIBÍBLICA!!! Satanás não tem coisa alguma! Ele lá cria nada. Ele só copia!! O nosso Deus é que o maior Artista e o Autor, Criativo e Criador de tudo o que há. Ele, Artista que é, criou as artes, incluindo a música e cada estilo. As questões periféricas do estilo (orgias, bebedeiras e drogas e etc) é que são confundidas com o estilo em si e são, na verdade, completamente reprovadas pela Escritura. Mas nem todos entendem isso e é aí que está o problema.

Muitas vezes, a adoração por meio da música que temos oferecido ao Senhor tem sido "estilosa", e não espiritual e verdadeira. Os estilos têm sido encarados como a prioridade máxima nos chamados "momentos de louvor" e têm sido motivo de grandes disputas. Isso quando não se transformam num verdadeiro modismo, não é mesmo? Deixo claro aqui que não sou contra tendências e modas da contemporaneidade, mas isso não quer dizer que não tenho critérios quanto ao que vou ou não aceitar e do qual irei ou não me apropriar.

Lembro-me, agora, das várias conversas que tenho com os músicos de minha igreja sobre o assunto. Adoração virou, em nossos dias, um estilo musical. Cantores e bandas que antes possuíam um estilo diferenciado, há alguns anos, acabaram se tornando pertencentes ao estilo "adoração". Já ouvi, muitas vezes, declarações do tipo: "Ah. Fulaninho era assim, mas agora ele tá mais adoração, né?" FAAAAALA SÉÉÉÉÉRIO!!!!!!!!! rsrsrsrsrsrs Isso quando não ouvimos o povo na igreja dizendo algo do tipo: "Hum.. essa música, não. Ela não é muito adoração. Ah! Agora, aquela é, sim, adoração." Eles estão se referindo, na verdade, àquele estilo de música com 4 acordes (quando muito) e que tem aquela batidinha gostosa (Não pra todos! hehe) e que tem grande repercussão midiática. Em outras palavras, se for parecido com o que a Hillsong canta e toca, é adoração. rsrsrsrsrsrsrsrs O que eles não sabem é que estão privilegiando o pop rock. Sim. É o pop rock que tem dominado e não apenas no ambiente da igreja. É natural que esse estilo "pegue" mais, pois é o estilo do momento e de mais fácil assimiliação. Eu mesmo gosto pra caramba (hehe). E aqueles que dizem que "o rock não é de Deus" vão infartar se eu disser que o Diante do Trono toca rock! rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs O fato é que se criou no linguajar do povo esse estilo "adoração" e, com ele, tem surgido a adoração "estilosa", à qual me referi há pouco. Dizem: "essa música é adoração, mas essa outra, não", e dizem isso sem sequer observar a letra, ou seja, sem observar se o conteúdo é ou não de adoração. Desculpem minha franqueza, mas, pra mim, isso é PIADA e de muito mau gosto. hehe

Por isso, não acredito que um estilo deva dominar. Vou mais além: já que falamos de igreja (ekklesía, no idioma grego), acho que quanto mais eclético se puder ser, melhor ainda. Até porque, como se diz, "é impossível agradar a gregos e troianos" e, quanto maior a diversidade, mais se conseguirá atingir as diversas pessoas que compõem a assembleia (ekklesía) dos santos. Contudo, há algo que devemos considerar.

Inevitavelmente, uma igreja terá suas preferências de estilo e o grande desafio daqueles que trabalham com música eclesiástica é tentar identificá-las. Sim, cada comunidade tem, sim, aquele estilo musical que mais lhe agrada e, apesar de tudo o que foi dito, não devemos ignorar tal realidade. Há igrejas que são mais tradicionais em sua liturgia, outras são mais progressistas e/ou contemporâneas. Há ainda outras um tanto... "cult" (hehe), dentre vários outros estilos de igreja. Retomo o que disse no início do post: os seres humanos são diversos, não é verdade? As igrejas são feita de seres humanos, então serão, sem nenhuma dúvida, também diversas. É por isso que, me perdoem os que discordam, mas acho uma ignorância alguns músicos quererem "enfiar guela abaixo" de algumas igrejas mais tradicionais o rock pesado. Galera, não dá, né? Aí já é querer demais. E este exemplo bem que poderia ser feito com outros estilos. Não dá também pra querer impor a chamada música erudita numa igreja que curte o reggae. É preciso ter SENSIBILIDADE!! 

Talvez, (me desculpem, mais uma vez, a franqueza) seja necessário perceber que tais pessoas estão no lugar errado, né? Se a maioria da comunidade tem tal preferência e você é aquele (ou aquela hehe) camarada que fica insistindo em algo diferente, mas sem aceitação alguma, é porque você precisará fazer uma dura escolha: ou ficar por lá e tentar se adaptar a essa realidade, ou, então, procurar um lugar com o qual você se identifique mais (esta é a minha sugestão hehe). Só não dá é pra ficar "batendo cabeça" e "arrumando confusão" com seus irmãos em Cristo. É por isso que tem muita gente que diz que Ministério de Louvor é sempre a maior dor de cabeça dos pastores (há também outras razões que não vêm ao caso agora e que não dizem respeito só aos músicos, é claro hehe): os caras (e as caras) gostam de uma encrenca!

Enfim, músicos do Senhor, ministros de louvor, procurem perceber o perfil da igreja em que vocês estão e trabalhar nesse perfil. Isso não quer dizer, é claro, que não deva haver novidades (não to dizendo isso, viu? rsrsrs), mas com SENSIBILIDADE. Acho até que há momento pra tudo. Há ocasiões (seja numa apresentação solo ou numa peça teatral, musicais, sei lá...) em que cabe um estilo bem diferente do que a igreja tá acostumada, até pra "desenjoar" mesmo. hehe Mas é preciso respeitar o perfil da igreja. Contudo, não posso deixa de dizer que acredito que há estilos que são muito mais excludentes e difíceis de se "agradar" a maioria. Não podemos deixar de reconhecer que, de maneira geral, o pop rock tem uma aceitação muito maior do que uma bossa nova ou um forró, mas isso é uma questão de cultura e da cultura da igreja mesmo. É, de fato, mais fácil atingir a maioria com um pop rock, mas isso não quer dizer que seja lá quem for é obrigado a só tocar isso (não foi isso que eu disse" rsrsrsrsrsrs)

O que eu sei é que é preciso, sim, ter cuidado com toda essa questão que envolve os estilos numa igreja. É, sim, importante, só não é o principal. Que estilo devemos tocar? Bom, acho que deu pra perceber que acredito que a questão vá muito mais além de apenas se definir um estilo, não é mesmo? Que cada um veja sua realidade eclesiástica e faça o devido julgamento de valores, tentando se adequar à realidade em questão. Não devemos nos esquecer, porém, de que os estilos são algo secundário.  A adoração se utiliza de estilos, mas ela mesma NÃO É UM ESTILO!! Quando vemos a adoração como estilo, inevitavelmente desenvolvemos um estilo de adorar. E Deus não quer isso de nós. Deus não quer de nós uma adoração "estilosa" e passageira, mas uma adoração verdadeira e constante. (ver novamente João 4:23-24). Então, vamos adorá-lo, independente de estilos (apesar de com eles). rsrs Vamos adorar em espírito e em verdade que é melhor, né? rsrsrs Abraços a todos e que Deus os abençoe!

Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)

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