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VANTAGENS DA FORMAÇÃO MUSICAL NA IGREJA

Imagem extraída de: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/paulo-cruz/johann-sebastian-bach-e-a-musica-como-prova-da-existencia-de-deus/


Ao longo de toda a história, a enorme importância da Igreja na formação de músicos é mais que evidente. Diversos expoentes musicais tiveram seu início de trajetória atrelado à igreja; muitos, atuaram nela por toda a vida (Bach, por exemplo, tem sua história bastante ligada à igreja). Outros, como Elvis Presley e Whitney Houston, começaram por lá, e saíram depois.

E, entre idas e vindas, percebemos enorme reconhecimento do papel formador da Igreja em alguns momentos; em outros, percebemos certo desdém com os "músicos de igreja"; e este "vai e vem" tem se repetido há séculos.

Lembrando de minha própria história, não posso deixar de atestar o quanto dar meus primeiros passos musicais na Igreja fez toda a diferença. E, hoje, ainda atuando na Igreja e também fora dela, como performer e como educador musical, vejo em meus alunos e colegas de profissão que vieram da Igreja muitas semelhanças, quer tenham eles complementado sua formação inicial em escolas de música ou não. Por isso, gostaria de pontuar aqui algumas vantagens que os "músicos de Igreja" trazem consigo.


EXPOSIÇÃO A UMA FORMAÇÃO MUSICAL GLOBAL

Via de regra, alguém que está envolvido com o fazer musical na Igreja experimenta diferentes realidades e, muitas vezes, até se envolve com diferentes instrumentos, o que melhora sua visão global da música. Eu mesmo comecei tocando bateria e percussão, passei pro saxofone (meu instrumento principal), mas também atuei e atuo ainda com teclado/piano, violão, canto... e, tirando o saxofone, nenhum desses me foi ensinado por escolas de música ou aprendi no Bacharelado em Música. Aprendi tudinho NA IGREJA! Dependendo do tamanho da igreja em questão, seus músicos terão ainda mais oportunidades, já que poderão tocar estes diferentes instrumentos, mas também participar de coros e atuar em diferentes grupos musicais. E tudo isso num só lugar!


PRÁTICAS QUE EXIGEM MAIOR ADAPTAÇÃO MUSICAL E PERCEPÇÃO MUSICAL

Muitas vezes, aqueles que fazem música na Igreja precisam lidar com diferentes situações inesperadas, como: mudanças de tonalidade ali, na hora da música (que tinha sido praticada/ensaiada em outra tonalidade); resgate de músicas muito antigas e que ninguém tocou durante anos, o que demanda grande memória e ouvido musical; convocações para tocar o que nunca se tocou antes ou sequer se ouviu, o que requer dos instrumentistas harmônicos, por exemplo, grande domínio do campo harmônico e de diferentes tonalidades (aqueles que não o possuem acabam sendo formados nisso também e crescendo nesta habilidade); dentre várias outras ocasiões do tipo "se vira nos 30" que muito contribuem para o crescimento destes músicos (algo bem parecido com o que acontece em alguns ambientes do meio secular,  mas em maior intensidade e frequência). É como se todo culto fosse uma oportunidade pra diferentes ditados de acorde, ditados melódicos e por aí vai. hehe


OPORTUNIDADES PARA UMA MELHOR HABILIDADE DE ADAPTAÇÃO ESTRUTURAL

É bem verdade que, hoje, há muitas igrejas que têm investido tanto em equipamentos que seus músicos acabam, às vezes, encontrando realidade bem melhor do que podem encontrar lá fora. Mas, de maneira geral, a grande maioria das igrejas não tem tantos recursos assim para ter equipamentos de som e instrumentos top de linha. Por isso, o músico precisa saber lidar com problemas técnicos de todo tipo, instrumentos que exigem "jeitinhos" peculiares e, muitas vezes, toca até mesmo sem se ouvir, tendo em vista a escassez ou mesmo inexistência de um sistema de retorno. E olha que nem vou mencionar a terrível acústica de algumas igrejas! Experiência própria: isso prepara o sujeito pra tocar ou cantar em QUALQUER lugar e com QUALQUER equipamento. rsrsrs Lembro bem de ir a alguns lugares em que colegas de profissão reclamavam um pouco ou tinham certa dificuldade de atuar, mas que, pra mim, tava tranquilo, considerando aquilo com o que já tive que lidar anos antes em congressos, retiros, etc.


OCASIÕES PARA O APRENDIZADO SOBRE O TOCAR EM PÚBLICO

Cada culto e/ou programação das igrejas acaba sendo uma excelente oportunidade de se lidar com um público, uma plateia. Eu sei que, conforme dizemos, nosso alvo principal é direcionar tudo à Plateia de Uma Só Pessoa, mas... vale lembrar que o que é feito na igreja também é feito para seus integrantes, de maneira que produza edificação e crescimento na Escritura (cf. Colossenes 3.16, Efésios 5.18-20, dentre outros). E, ao fazer música na igreja, o indivíduo acaba tendo que lidar, semana após semana, com diferentes reações, interações e até mesmo cobranças por parte daqueles que lhe escutam com tanta frequência. Como consumo dizer, tocar pra uma plateia que vai te ouvir uma só vez e nunca mais te ver é fácil, mas lidar com quem é muito próximo e te ouve semanalmente e até mais de uma vez por semana é um grande desafio. Logo, o músico da igreja tem nisso diversas ocasiões para trabalhar todas estas questões referentes ao "saber de palco", além de ter que inevitavelmente perder o que se chama de "medo de palco" também. De fato, quem atua na igreja tem muito mais chances de lidar melhor com tudo isso que alguém que vai estrear nos palcos apenas após certo tempo de escola de música.


Bom, pontuei apenas algumas realidades que vejo nos "músicos de igreja". Sei que há mais, muito mais. Sei também que cada indivíduo vive realidades particulares que, nem sempre, seguirão os padrões, mas, de maneira geral, sou muito feliz em ver o poder formador que a Igreja possui na vida musical de muitos, incluindo eu mesmo! Que nossas igrejas continuem formando mais e mais músicos!


Em Cristo,
M. Vinicius

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