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QUALIDADE PROFISSIONAL OU EQUÍVOCO CONGREGACIONAL?

 


Buscar qualidade profissional na práticas musicais da igreja é algo que, a princípio, não possui mal algum. Aqui mesmo neste blog, tenho sempre defendido que devemos fazer o melhor que pudermos. E, se pudermos contar com profissionais musicais em nossas comunidades eclesiásticas, isso com certeza será muito bom.

Contudo, assim como em qualquer outra área, é preciso refletir acerca de extremos que podem acabar transformando algo bom em algo ruim. E, infelizmente, tenho percebido isso acontecer em diferentes lugares.

É bem verdade que é bíblico assalariar trabalhadores (cf. 1 Timóteo 5.18). Sendo assim, não vejo qualquer problema em se ter um ou mais músicos contratados para servir sua comunidade local, a igreja da qual fazem parte e com a qual comungam. E até entendo contratar músicos em situações específicas (como um musical ou uma cantata), nos quais certo reforço musical será necessário. Se a igreja tem condições de pagar e é algo realmente necessário, por que não?

Minhas críticas, porém, direciono a duas situações: músicos freelancer nos cultos e famosos contratados para cultos. Antes que me rechacem por isso, deixe-me explicar. 

Tenho sabido de igrejas que todo domingo contratam diferentes músicos freelancer, pagando o cachê por noite, para que o sujeito toque em seus cultos Já soube até de igrejas que contratam bandas diferentes para os domingos. Faço a seguinte pergunta: será que uma igreja com este porte financeiro e, consequentemente, uma igreja que não deve ser tão pequena assim, não pode ter irmãos comprometidos com o serviço cristão, de modo que se dediquem ao chamado "ministério de louvor"? Em outras palavras: não tem um cristão ali que possa servir? E, se não há irmãos suficientes, penso eu que a igreja deva ser ensinada sobre o valor e importância do serviço, de forma bíblica e amorosa (cf. Filipenses 2.5-8; 1 Pedro 4.10; Gálatas 6.1). E, se o problema for não ter alguém num instrumento específico, que se mudem arranjos, pronto.

É importante entender que aquilo que chamamos de "momento de louvor" é algo comunal, congregacional e que deve ser feito com total senso de comunidade, intimidade e entranhados afetos, numa verdadeira comunhão que não se obtém trocando de músicos todo domingo (cf. Efésios 4.15-16; 5.18-20; Filipenses 2.1-4; 2.12-16; Colossense 3.12-17). É totalmente diferente remunerar um membro ativo da igreja local  de pagar desconhecidos (por mais que haja um ou outro na igreja ou mesmo a liderança que o conheça) para exercer uma função ministerial tão importante e COMUNITÁRIA! É preciso lembrar que ministério não é emprego (embora seja trabalho e até possa ser remunerado, mas não é apenas um emprego ou uma gig qualquer!). Se fosse, deveríamos contratar diferentes pastores "freela" a cada domingo ou por mês, de acordo com o estilo de pregação que a igreja pretenda ter naquele mês. Pronto. Para que ter pastores fixos pregando, se podemos variar?

A segunda situação que muito me entristece é quando igrejas convidam Fulano ou Sicrano, que é famoso, para culto de aniversário da igreja ou eventos especiais, chamados de culto, e este músico cristão famoso cobra um cachê (costumeiramente bastante caro) e a igreja PAGA para que ele venha!

É também preciso ter muito clara em nossas mentes a distinção entre um culto e um show. Já falei sobre isso tudo, de forma mais detalhada, em post anterior (ver SHOW OU CULTO? TRABALHO OU MINISTÉRIO?). Mas agora pretendo focar em outro aspecto desta discussão: nós cobramos entrada para cultos? Isso está correto?

Não me refiro a igrejas que possuem um grande auditório e decidem promover um show, um concerto musical ali. E, se isso for feito, deve ser algo muito bem esclarecido para que NINGUÉM pense se tratar de um culto da igreja local, e sim um evento social, com bilheteria e etc.

O que percebo como errado é ter um CULTO no qual se convida celebridades gospel a quem se paga um cachê - determinado pelo artista e sua equipe - e se tem nisso algo normal! Se é ministro e é um ministério, biblicamente falando, ministério não recebe cachês, e sim ofertas. E ofertas não se impõem ou exigem; ofertas são oferecidas de maneira voluntária e conforme cada um propuser em seu coração (cf. 2 Coríntios 9.7-8). Logo, se este cantor famoso se diz ministro e atuando em um ministério, deveria vir e deixar que a igreja que o chamou vivesse o princípio de ofertas de maneira bíblica. No entanto, vemos exigências por cachê e igrejas que toleram isso. Parece que nunca leram sobre a grande repreensão do Senhor Jesus àqueles que mercadejavam no Templo (cf. Mateus 21.12-13; Marcos 11.15-17; Lucas 19.45-48; João 2.13-22).

Precisamos ter cuidado, queridos, para não profissionalizar (no sentido ruim do termo) aquilo que o SENHOR não nos permite profissionalizar e, assim, acabar cometendo um terrível equívoco congregacional. O culto é para Ele e tão somente para Ele e nenhuma comunidade local precisa de celebridade A ou B para que este culto seja mais excelente e aceitável a Cristo Jesus!

Determinada igreja quer investir em qualidade técnica e ter profissionais de música remunerados? Ok. Mas o faça de modo bíblico! E, assim, teremos não apenas eventos como tantos outros por aí, mas comunidades que realmente se propõem a contribuir para a plenitude do Espírito demonstrada na Igreja, já que nela habita ricamente a Palavra de Cristo por meio daquilo que é cantado (cf. Efésios 5.18-20; Colossenses 3.16).

Que Deus nos ajude a viver a realidade musical bíblica cada dia mais!


E você? O que acha disso tudo? Certamente meu objetivo não é esgotar a discussão apenas com esse post. Há muito mais a ser dito e/ou discutido e por isso te convido a deixar sua opinião ou questionamentos e o que mais desejar na área de comentários do post aqui abaixo! 


Em Cristo,
M. Vinicius


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