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O PASTOR E OS MÚSICOS DA IGREJA


Relação de extrema importância é a relação entre os pastores e aqueles que trabalham com a música na igreja. É a partir dela que a música de uma igreja terá ou não êxito em suas realizações e, quando não se tem uma boa relação entre o pastor e os músicos, geralmente, uma série de problemas surgem, transformando, em muitas ocasiões, o ambiente da igreja num verdadeiro campo de guerra.

Infelizmente, o que muito se vê por aí são ministros de louvor que não gostam de seus pastores, pastores que nunca conversam com os músicos, grupos de louvor totalmente rebeldes e ainda pastores que não sabem sequer o nome dos músicos de sua igreja. O que se poderia fazer, então, para que tal relação, em muitos casos desgastada e marcada, pudesse melhorar, contribuindo para o crescimento da obra de Deus? Bom, separei algumas atitudes que acredito serem de extrema importância para o relacionamento entre pastores e músicos e, consequentemente, para as ações musicais de uma igreja. 


O pastor deve amar os músicos da igreja

Parece clichê, não? Mas, infelizmente, é preciso dizer isso. Há muitos pastores que, literalmente, detestam os músicos de sua igreja. Mas, como assim, cara? Pois é! Há pastores que têm um verdadeiro horror em lidar com este grupo de pessoas “complicadas”. O que mais dizem são coisas do tipo: “Olha, ministério de louvor é um problema!” ou “Músico é muito complicado!”, dentre outras frases, ao meu ver, um tanto infelizes. É bem verdade que, às vezes, os músicos são um tanto complicados, mas todos nós somos complicados de alguma forma, não é? Todo ser humano é difícil de se lidar de alguma maneira. Mas, de todo modo, os pastores precisam tratá-los com amor, e não como chefes ou patrões que só querem resultados. 


O pastor deve se interessar pela música de sua igreja

Não consigo entender pastores que estão “nem aí” pra o que acontece com a música das igrejas que lideram. Não consigo entender, por exemplo, pastores que nem conhecem as músicas tocadas na igreja. Não estou dizendo que todo pastor tem que possuir todo um repertório memorizado, mas, quando um pastor não faz ideia do que se canta em sua igreja, em minha opinião, isto é mero descaso. Tanto é que há muitos que, durantes os chamados momentos de louvor, estão fazendo qualquer outra coisa, menos estar junto com a igreja, adorando ao Senhor. Desse jeito, é claro que nunca aprenderão as músicas. E, naquelas comunidades em que há vários agrupamentos musicais, a situação pode ficar ainda pior, pois muitos pastores sequer se ocupam em observar as letras que são cantadas e se possuem algum equívoco teológico, por exemplo. Sei bem que, nas igrejas em que apenas um pastor atua, há muito o que ser feito e este pastor não tem como dar conta de tudo sozinho. Mas isto não significa que ele deve, simplesmente, ignorar a existência dos músicos de sua igreja e abandoná-los completamente. 


O pastor deve pastorear os músicos de sua igreja

Infelizmente, há muito músico de igreja abandonado por seu pastor. Sei que, conforme disse há pouco, é muito para se dar conta. E é por isso que acredito ser indispensável a todas as igrejas ter um pastor específico para este trabalho. Alguém que se ocupe com o cuidado dos músicos, que se ocupe em saber como estão, do que estão precisando, alguém que os ame de perto! Se os jovens precisam de um pastor, se o ensino precisa de um pastor, se os casais precisam de um pastor, a chamada área de adoração também precisa. 

Contudo, entendo que, às vezes, determinada igreja não tem condições financeiras de ter um pastor para esta área. E, caso isso aconteça, o pastor sênior terá que encontrar uma maneira de cuidar do assunto, pois, assim como qualquer outra área da igreja, a música é, sim, extremamente importante e não pode ser negligenciada. O pastor não se ocupa com todas as outras áreas? Por que esta seria, então, escanteada? Conheço igrejas que, mesmo sem a existência de um pastor de adoração, por exemplo, possui pastores que dedicam tempo ao acompanhamento de seus ministérios de louvor ou bandas e outros grupos que venham a existir. Ministérios de louvor e músicos de igreja não precisam de um supervisor ou de um chefe ministerial apenas. Eles precisam de um pastor! Tenho certeza de que isto faz toda a diferença.


O pastor deve confiar nos músicos de sua igreja

A confiança é, sem dúvida, algo indispensável em qualquer relação. E tenho visto em muitos lugares que o grande problema entre pastores e músicos de igreja é a falta de confiança. Acredito que um pastor deve confiar nos músicos com quem trabalha, de modo que lhes dê liberdade para atuar. Sim! Tem muito pastor que tem medo de dar a carta de alforria dos músicos. Não permitem que escolham músicas, não lhes dão tempo suficiente para realizar um bom trabalho, dentre outras várias situações infelizes que não listarei por causa do tempo. Quando se delega uma competência e quando se divide tarefas, é preciso confiar nos líderes estabelecidos e muito pastor tem medo disso! É preciso confiar que aqueles que assumiram a responsabilidade de atuar na igreja por meio da música sabem o que estão fazendo. É preciso lhes dar espaço. É a área deles e os pastores precisam entender isso, e não querer discutir questões de cunho musical que eles desconhecem. Certa vez, por exemplo, vi um pastor reclamar do arranjo final de algumas músicas: “Essas músicas acabam muito rápido. Assim, do nada, tchan, tchan.” E ele ainda insistia de que isso tinha que ser mudado e que o final tinha que ser, na linguagem dele, mais tranquilo. Agora, me digam: e desde quando teólogo é arranjador? Rsrsrsrsrsrsrsrs


Agora, peço calma a todos. Falei um bocado dos pastores, eu sei. Mas preciso também falar dos músicos, porque, neste relacionamento complicado, em muitas ocasiões, os músicos são os que causam os problemas (desculpem, mas tenho que dizer a verdade). Desse modo, é preciso enxergar os dois lados da situação. Por isso, começo dizendo:


Os músicos devem amar seus pastores

Hum... acharam que só os músicos deviam ser amados é? Rsrs Nãããão mesmo! Músicos, amem seus pastores! São servos de Deus, escolhidos pelo Senhor para cuidar de suas vidas. Vocês não têm ideia do peso que estes homens precisam carregar. E, exatamente por não terem ideia disso, acabam cometendo uma série de injustiças com seus pastores. Contudo, é preciso amá-los e, consequentemente, honrá-los e respeitá-los. Se você ama seu pastor, você irá, sim, custe o que custar, respeitá-lo. 

Sei que, às vezes, muitos músicos se sentem decepcionados com eles, mas é preciso entender que também são seres humanos, assim como nós (mesmo que muitos acabem se esquecendo disso, às vezes hehe). E, assim como todos erram, pastor também erra. O grande lance é que eles próprios sejam os primeiros a admitir isso e que aqueles que trabalham com a música na igreja os amem o suficiente para perdoar e continuar a agir com respeito, mesmo após o presenciar de muitos erros.


Os músicos devem deixar que seus pastores participem da música da igreja

Outro ponto que acredito ser indispensável neste relacionamento entre pastores e músicos é a interação do pastor com a música da igreja. Como disse anteriormente, o pastor precisa demonstrar interesse por isso, mas a verdade é que, em muitas ocasiões, os coitados dos pastores até querem participar e saber um pouco mais da música, mas são completamente repelidos pelos ministros de louvor, por exemplo. 

Às vezes, determinado pastor gostaria de participar da música de sua igreja de uma forma até simples, como, por exemplo, pedindo uma música. Maaaas, se esta música não for do gosto dos músicos, é completamente rejeitada e colocada de lado. Não estou dizendo que o pastor é quem tem que escolher todo o repertório de uma igreja. Acredito, sim, que os músicos devem ter liberdade para atuar, já disse isso, mas o que é que custa atender a um pedido feito de vez em quando. Em muitas ocasiões, o pastor nem pede tanto assim, mas, quando o coitado sugere uma música mais antiga, é logo alvejado e apedrejado por todo mundo. 

Esta é apenas uma forma de o pastor participar da música da igreja, mas há muitas outras. Todavia, é preciso que aqueles que trabalham com música na igreja sejam um tanto gentis com seus pastores, evidenciando que eles são bem-vindos. É importante deixar claro para os pastores que eles são bem-vindos à música da igreja. 


Os músicos devem se permitir ser pastoreados

É fato que muitos músicos são abandonados por pastores, mas é também verdade que tem pastor doidinho pra pastorear esse povo, e eles não deixam. O pastoreio não é algo que se impõe, queridos. É uma relação de iniciativa mútua, pois, apesar de nos referirmos à figura judaica de ovelhas e pastores, não estamos falando de bicho (apesar de alguns agirem assim hehe), mas de gente. E gente é um bicho complicado! Rsrsrsrsrsrsrs Um pastor não tem como obrigar alguém a ser pastoreado. A relação pastoral não deve ser uma relação de chefia e, por isso, é preciso que os músicos da igreja se permitam pastorear. 

Assim como disse há pouco, é preciso evidenciar aos pastores que são bem-vindos, mas não apenas bem-vindos à música, mas também às vidas daqueles que trabalham com ela. Conversem com seus pastores, peçam conselhos, compartilhem experiências, enfim, se permitam pastorear. Tenho certeza de que isso será algo muito bom na vida de ambos e, consequentemente, na vida da igreja.


Os músicos da igreja precisam ser pessoas de confiança

Se tudo isto for realizado, inevitavelmente, os músicos da igreja serão pessoas de confiança para seus pastores. E que coisa boa!! É por não confiar nos músicos com quem trabalham que muitos pastores lhes impõem restrições mil! Mas, como é que um pastor pode confiar em alguém que não se mostra confiável. E isto também no quesito técnico. 

Quando me referia aos pastores, disse que eles deveriam confiar na liderança estabelecida; disse que eles deveriam confiar na competência delegada. Mas, para que isso aconteça, é importante, então, que os músicos sejam competentes! E, quando digo isto não estou me referindo a serem necessariamente os músicos mais excepcionais do mundo (mas, se puderem ser, melhor ainda, né? Rsrs). Estou apenas querendo dizer que tem muito músico de igreja que se acha melhor do que todo mundo, mas que não dá conta de cuidar de questões muito simples. Como é que um pastor pode confiar num grupo que pouco ensaia e que vive errando as músicas na hora do culto? Como é que se pode confiar num povo que mostra a toda a igreja que não está devidamente preparado para exercer seu ministério? Na minha opinião, gente assim não deveria sequer ministrar. Deveriam sentar no banco, ser ministrados e, quando entendessem o valor real do serviço ministerial, seriam restituídos a suas posições. E depois não entendem algumas críticas por parte dos pastores, mas não conseguem, muitas vezes, decorar uma simples letra de música! Perdoem-me a franqueza, mas, pra mim, isto é, sim, falta de dedicação e competência (salvo em casos excepcionais), o que contribui para que não haja confiança nesta criatura quanto à sua função.

A confiança, contudo, deve ir muito mais além. Como um pastor pode, por exemplo, confiar num ministério de louvor que vive falando mal do pastor “pelas costas”? Como se pode confiar num grupo que não perde a oportunidade de fazer tudo diferente daquilo que lhe foi pedido? E, ainda, como confiar num ministério que, quando chega a hora de começar o culto, ainda está afinando instrumentos ou dizendo “Alô, som”? Ou pior: músicos que simplesmente não aparecem e não dão a mínima satisfação ou aviso prévio, deixando os pastores “na mão”?


Conclusões

Poderíamos ficar o dia inteiro aqui listando os problemas e defeitos de ambos os lados: pastores e músicos. Ambos possuem “história suficiente pra contar” (rsrs) e dariam um bocado de “pano pra manga”. Entretanto, não é esta minha intenção. 

Acredito totalmente ser possível haver um bom relacionamento entre pastores e músicos de igreja, mas é preciso que ambos se esforcem e busquem tal realidade. Como vimos, ambos têm o que aprender e no que melhorar e entender isto é o objetivo de eu ter escrito tudo o que escrevi. Não quero apontar ninguém, mas apenas pontuar que todos temos algo em que precisamos mudar e é apenas quando buscamos esta melhora que nosso relacionamento com os outro irá evoluir, passando a se aproximar daquilo que Deus deseja de nós.

Vamos, então, ser os primeiros a buscar essa melhora! Vamos ser aqueles que dão o primeiro passo e vamos quebrar de vez essa história de que pastor e músico de igreja não se dão bem. E, àqueles que não enfrentam esse tipo de problema, só tenho a dizer que vigiem, orem uns pelos outros e aprendam com estes exemplos negativos, de modo que os mesmos erros não venham a ser ciclicamente cometidos. Que Deus nos ajude!



Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)

Comentários

  1. Muito bom! Sempre acreditei nessa relação Pastor x Ministério de Louvor. E dou glória a Deus pela vida do Pr. Celso, que tem sido bênção no nosso ministério!

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