Pular para o conteúdo principal

O ZELO NA PRÁTICA MUSICAL CRISTÃ



Zelo. Zelo é uma palavra bastante usada no ambiente da igreja. Quem nunca ouviu algo do tipo: “Rapaz, tem que ter zelo, né?”. Ou ainda: “Tenha zelo pela obra.” Estas e outras muitas frases trazem consigo esta palavra, tanto é que um de meus queridos amigos, companheiros de profissão e irmão em Cristo, durante conversa nossa, levantou o assunto “zelo na igreja”. O fato é que não apenas ele, mas eu e muitas outras pessoas já se depararam em alguma situação na qual se mencione o zelo e/ou sua necessidade. Isso me fez pensar um pouco sobre o assunto e motivou esse post. 

Primeiramente, acho importante entender um pouco mais o termo em si e, por isso, recorri aos dicionários, gostando muito das significações trazidas por um deles. No dicionário Michaelis, este termo é apresentado como: dedicação ardente; desvelo; cuidado; diligência; ciúmes. Assim, observados os significados trazidos à palavra, gostaria de compartilhar com vocês como eu enxergo a relação do zelo e nossa prática musical na igreja. Acredito que o zelo pode (e deve) se manifestar de diferentes maneiras. Vou listá-las agora.


O Zelo para com Deus

Pensando em uma das significações apresentadas pelo dicionário, entendo que todos nós precisamos ter zelo para com Deus. Sim. O zelo para com o Senhor deve ser nossa primeira motivação com relação a tudo. Tanto é que o próprio Cristo disse, em Mateus 22:37: 

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento." 

E, pensando nisso, é importante que todos nós estejamos dispostos a refletir o quanto temos estado dispostos a ter zelo pelo Senhor. Antes de qualquer outra coisa, se queremos ter uma boa prática musical cristã, precisaremos ter zelo, ou seja, dedicação ardente ao Senhor.


O zelo para com a casa de Deus

Em João 2:13-17, a Bíblia nos conta a história de quando Jesus expulsa os cambistas do templo. Isso porque havia toda uma prática ilícita de venda de animais a preços altíssimos, com o mero intuito lucrativo e sem critérios de qualidade quanto aos animais vendidos para sacrifício. Isso contrariava totalmente o que havia sido instituído na Lei e, por isso, Cristo se opõe radicalmente aos que atuavam dessa maneira. Após a referida expulsão, os discípulos de Cristo se lembraram do texto escrito em Salmos 69:9: “Pois o zelo da tua casa me consumiu.” Jesus teve tanto zelo para com a casa do Pai que isso se tornou perceptível a seus discípulos. 

Agora, antes que eu assuste alguém, faço questão de deixar claro que, quando falo em zelo para com a casa do Pai não estou me referindo às paredes de um lugar em específico. É claro que, no texto citado, Jesus se refere ao templo dessa maneira, porque o Espírito ainda não havia descido para habitar a igreja, o que acontece apenas no capítulo 2 de Atos. Sendo assim, era o templo (de paredes) que representava a morada de Deus. Hoje, contudo, segundo o que diz o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 3:16, nós somos a morada de Deus. Ele diz ainda em 1 Timóteo 3:15, que a casa de Deus é a “igreja do Deus vivo, a coluna e baluarte da verdade”. Pedro, em sua primeira epístola, capítulo 2 e versículo 5 diz ainda que somos como “pedras vivas” e ainda “edificados casa espiritual” (1 Pe 2:5). Tudo isso nos ensina, então, que a casa de Deus não é construída por paredes e tijolos, mas de carne e osso. Nós somos a casa de Deus!
Dito isto, quando me refiro ao zelo para com a casa de Deus, falo da importância de se ter zelo pelos que, assim como nós, são filhos de Deus. E, sendo mais específico e trazendo a questão para nossa área de atuação, acredito que devemos, sim, ser bastante zelosos uns para com os outros. Tenho visto, ao longo dos anos, que um grande problema que atormenta a vida de muitos ministérios de louvor, grupos ou bandas de igreja é o problema de relacionamentos. Há muitos problemas de relacionamento em muitas igrejas. Esta é também uma das razões pelas quais dizem tanto que músico em igreja é sinônimo de problema. Já se tornou dito popular entre pastores o fato de que, por exemplo, ministério de louvor é algo complicado de se lidar. Ao meu ver, tudo isso acontece porque não temos zelo uns para com os outros. E a Escritura nos ensina o contrário, em Mateus 22:39: 

“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. 

Ponhamos o mandamento do Senhor em prática e tenhamos mais zelo uns para com os outros, nos ajudando mutuamente em nossa prática musical, quer compartilhando cifras, quer ajudando os que têm mais dificuldade, quer tendo paciência, dentre outras coisas nas quais todos nós sabemos que podemos ser um tanto mais zelosos, né? rsrsrs


O zelo para com os acessórios da casa de Deus

Entretanto, mesmo não me referindo a tijolos, não posso deixar de mencionar o zelo para com os acessórios da casa de Deus. E reitero: não estou falando de tijolos, mas todo e qualquer equipamento que pertence à igreja enquanto instituição, pertence à casa de Deus, não é mesmo? Entendem o que quero dizer? Se a casa de Deus somos nós e se a igreja somos nós, o que pertence à igreja nos pertence. Contudo, isto se dá não no que diz respeito à nossa individualidade, mas à nossa coletividade. É aquela velha história que se diz: “Isso aqui é nosso, é de todos nós. Por isso, precisamos ter zelo!”. 

Por essa razão, é indispensável que se tenha zelo pelos equipamentos que utilizamos para os serviços da casa de Deus (acredito que não preciso mais explicar quem é a casa de Deus, né? Rsrsrsrs). Se precisamos ter zelo pela casa de Deus, temos também que ter zelo por aquilo que pertence a ela.

Fico bastante triste quando vejo, em algumas igrejas, o mau uso de instrumentos. E os microfones?? Meeeu Deus!!! Já vi tanta gente derrubando microfone simplesmente por não dar a mínima se eles custaram caro ou se a queda afetará seu funcionamento! Algo que também me choca é quando os instrumentistas que têm seus instrumentos cuidam deles como “a menina dos olhos” (enxugam cordas, limpam teclas, usam plásticos, “lambem o instrumento todo” rs), mas, quando se trata dos instrumentos da igreja, se dedicam a cantar: “Tô nem aí, tô nem aí...”. rsrsrsrsrsrsrsrsrs. Geeeeeeente do céu, precisamos ter mais zelo pelos instrumentos! Por mais que não sejam nossos individualmente, são nossos coletivamente!! 

E o que dizer, então dos cabos??? Ninguém sofre mais do que eles. Mulheres e seus saltos, instrumentistas de cordas (guitarras elétrica e acústica e contrabaixos) e cantores são os maiores vilões. hehe É plug atingindo o chão com toda a força do mundo, fio enrolado mais do que devia e/ou carregando 500 toneladas de peso dependurado nele, enfim, é por isso que os coitados não duram tanto!! Meus queridos, é preciso ter zelo pelas coisas da casa de Deus, nós que somos seus filhos e que utilizamos esses objetos. É verdade que eles não são sagrados, mesmo havendo quem pense assim (mas não é neles que habita o Espírito, e sim em nós, né?). No entanto, isso não significa que temos que maltratar os equipamentos. Não devemos jamais idolatrá-los ao ponto de não deixar nem uma mosca chegar perto (hehe), mas é preciso, sim, ter zelo por aquilo que pertence à casa de Deus. 


O zelo pelo serviço da casa de Deus

Por fim, não posso também deixar de mencionar a necessidade de zelo (relembrando: dedicação, esmero, diligência) para com o serviço na casa de Deus. É também importante frisar que, em muitos casos, no Novo Testamento a palavra que é traduzida como “adoração”, no original em grego é latrêuô e significa, literalmente, “serviço”. E isso nos mostra a enorme importância do serviço na prática cristã. 

Pensando no serviço, não posso deixar de frisar que é preciso dedicação. Se observarmos o texto de Jeremias 48:10, veremos a importância de se fazer a obra do Senhor da melhor maneira que pudermos. O texto diz: 

“Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente”

É um texto bastante forte, mas que nos serve de alerta. E é por causa desse texto que tenho sempre me esforçado pra estimular aqueles que trabalham comigo a dar o seu melhor. Nós, que servimos ao Senhor por meio da música, não podemos fazer o serviço de qualquer jeito. E é por isso que precisarei dizer: "Sim, músico de igreja também precisa estudar!". 

Eu sei que uma série de argumentos poderá facilmente surgir como desculpa pra não se estudar música. Ah! E tem algo mais: quando falo em estudar, não me refiro apenas aos instrumentistas, ok? Rsrsrsrsrsrsrs Cantor também tem que buscar o aprendizado musical! Se queremos dar o nosso melhor, devemos fugir da estagnação musical e buscar sempre o aperfeiçoamento em nossa área de atuação. E, já que falei de argumentos, não posso deixar de usar como exemplo dois dos mais clássicos. O primeiro: “não tenho tempo.” O segundo: “não tenho dinheiro”. Bom, quanto ao primeiro, de fato, sem tempo é impossível. Então, se não tem tempo pra se dedicar ao ministério, saia e pare de ocupar o lugar de outro que poderia gastar o tempo que você não tem se dedicando à obra que você não quis (ou não pôde) se dedicar. Eu sei, eu sei. Peguei pesado, né? rsrsrsrsrs Mas, se fomos realmente chamados pra fazer o que dizemos que fomos chamados pra fazer, precisaremos dedicar tempo a isso. Quanto ao dinheiro, garanto que este é o menor dos problemas. Conheço muita gente que estuda e se dedica à prática musical mesmo sem ter tanto dinheiro assim. É claro que eu reconheço as dificuldades financeiras que enfrentamos, mas tem tanta coisa por aí na internet, por exemplo, que alguém dizer, no mundo atual, que não busca o crescimento musical por não ter dinheiro, se torna uma mentira do tamanho do mundo, não é mesmo?



Quero também deixar claro que, quando afirmo que é preciso se dedicar e estudar música, isso não quer necessariamente dizer que todo mundo precisa se inscrever numa escola de música ou pagar quantias altas a professores particulares. Muitas vezes, o simples hábito de se preparar para os ensaios já se torna uma forma de estudar (especificamente quanto a ensaios e seus planejamentos, recomendo outro post deste blog hehe). Não consigo entender cantores que nunca decoram letras e/ou sequências de música, por exemplo. Em minha humilde opinião, isso é falta de dedicação, é falta de zelo pela obra. Também não consigo entender instrumentistas que chegam na hora do ensaio ou, de modo ainda pior, na hora de tocar e ainda não sabem uma outra parte de determinada(s) música(s). Quando se escuta as músicas em casa (refiro-me aos casos em que se faz o cover, é claro) ou quando se estuda o que se foi passado no encontro anterior, enfim, quando se faz o dever de casa, isso já será, inevitavelmente, uma forma de estudo e, consequentemente, de dedicação. Alguém que não se dedica, reitero, em minha opinião, deveria ceder seu lugar a outro.




Conclusões

Será que, de maneira geral, temos tido o zelo necessário aos ministérios e funções que Deus nos confiou? Será que temos tido o zelo que é Lhe é devido? Ou será que temos sido pessoas que fazem a obra de Deus relaxadamente? Dadas as devidas proporções de tempo, espaço e contexto em geral, será que, ao olhar para nós, as pessoas conseguem ver o zelo nos consumir, como os discípulos viram em Jesus? Será que se vê em nós esse cuidado, essa diligência, essa dedicação, esse amor?



Sejamos, pois, zelosos. Sem dúvida, ao exercer o zelo, nos tornaremos melhores músicos, ministros, irmãos e servos de Deus. Que este zelo do Senhor possa, então, nos consumir, ardendo em nós o desejo de fazer a cada dia mais o melhor para glória do Pai. A Ele o louvor.



Em Cristo,
M. Vinicius (Montanha)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DICAS GERAIS PARA DIVISÃO DE VOZES

E aê, galeraaaa!!!!!!!!! Que saudades de escrever por aqui! Após um tempo de férias do blog (mas não de descanso total, garanto hehe), estamos, enfim, de volta e COM FORÇA TOTAL!!! Eu realmente precisava de um tempo pra refletir e pensar um pouco mais sobre muita coisa e, em especial, sobre o que postar por aqui neste retorno. E, neste primeiro post pós-férias, resolvi falar sobre um assunto um tanto recorrente em nossas igrejas: divisão de vozes. Muita gente trabalha direta ou indiretamente com isso nas igrejas e muitas outras gostariam muito de poder fazê-lo. Sim. Eu mesmo conheço pessoalmente muita gente que gostaria de saber, ao menos em linhas gerais, como fazer uma divisão de vozes. Bom, meu desafio é tentar sintetizar isso por aqui. hehe É óbvio (mas preciso dizer!) que não é (MESMO) possível se fazer um verdadeiro curso de harmonização vocal, devidamente sistematizado e estruturado de maneira que, após visitar este post, alguém saia realmente formado como

DICAS PARA UMA BOA MINISTRAÇÃO

Após muitos estudos, reflexões e discussões sobre o assunto, resolvi, enfim, escrever um pouco do que penso sobre a chamada "ministração de louvor". Além de conviver com essa realidade de maneira muito próxima (o primeiro ministro de louvor que conheci foi meu próprio pai, com quem aprendi boa parte do que está aqui registrado), tenho tido o enorme privilégio de poder também ministrar louvor em minha igreja (ministro, junto com alguns mui amados irmãos, em nossa banda de jovens) e em outros lugares aos quais nossa banda é convidada a ir. E, por essa razão, me sinto bastante à vontade pra falar do assunto, tendo em vista que eu sou o primeiro alvo de cada palavra aqui registrada. Além disso, aqueles que trabalham comigo sabem, de perto, se as cumpro ou não, o que torna este post um desafio ainda maior. hehe Sendo assim, separei algumas dicas que colecionei ao longo dos anos e que acredito serem importantes em nossa prática musical eclesiástica. E, portanto, sem mais delong

LIDERANÇA MUSICAL NA IGREJA: FUNÇÕES E DESAFIOS

Introdução A importância da música na prática eclesiástica é algo inquestionável. E, para uma melhor prática musical eclesiástica, acredito ser de extrema importância se ter uma liderança bem estabelecida, de modo que tal prática possa ser conduzida rumo aos caminhos tencionados por um planejamento realizado por esta liderança. Contudo, há casos em que não há um líder oficialmente estabelecido. Acredito, porém, que sempre há um líder, mesmo que não se reconheça sua existência oficial. Mas há sempre alguém que influencia outros musicalmente e/ou que assume a responsabilidade pelas ações musicais da igreja. E, quando realmente não há, acredito que o potencial musical da igreja em questão poderia estar bem melhor e que, provavelmente, as ações musicais da referida igreja estão completamente perdidas, até que alguém se responsabilize por elas. Foi por isso que, dentre outras razões (como os pedidos que me foram feitos hehe), resolvi escrever esse post. Através dele, preten